Um juiz anula o Parole in Place, que concedia status legal a imigrantes indocumentados casados com cidadãos dos EUA

Esta política foi anunciada por Joe Biden em junho com o objetivo de facilitar o caminho para a cidadania para os imigrantes casados com cidadãos americanos.


Um juiz federal anulou o Parole in Place (PIP) da administração Biden, um programa que concedia status legal a cerca de 500.000 cônjuges indocumentados de cidadãos americanos e aproximadamente 50.000 enteados em situação irregular, permitindo que iniciassem seus trâmites para obter a residência permanente (Green card) nos Estados Unidos.

O juiz J. Campbell Barker, nomeado durante o governo de Donald Trump e pertencente ao Distrito Leste do Texas, já havia suspendido temporariamente a regulamentação e, em sua decisão recente, declarou-a nula definitivamente, ressaltando que o Congresso não havia autorizado o poder executivo a implementar tal política.

A decisão foi tomada após uma ação liderada pelo procurador-geral de Missouri, Andrew Bailey, e apoiada por outros 16 estados, que argumentaram que a medida excedia a autoridade do Departamento de Segurança Nacional (DHS).

Campbell Barker determinou que o DHS não possuía a autoridade legal necessária, de acordo com a Lei de Imigração e Nacionalidade, para estabelecer o Parole in Place, uma política criada para oferecer opções de residência sem exigir que os solicitantes saíssem e reingressassem no país.

Bailey justificou a ação legal afirmando que os estados deveriam ter intervenido devido à falta de ação do governo federal para garantir a segurança da fronteira sul.

Esta política, que foi implementada durante a campanha eleitoral do Partido Democrata, tinha como objetivo simplificar o processo de solicitação de residência para os cônjuges e enteados de cidadãos americanos.

O programa permitia que mais de meio milhão de cônjuges e enteados indocumentados regularizassem seu status migratório e obtivessem um cartão de residência sem precisar sair dos Estados Unidos, evitando assim a Lei da Punição, que impõe sanções de três a dez anos àqueles que deixam o país após uma permanência indocumentada prolongada.

No entanto, as autoridades estaduais alertaram que a sua implementação aumentaria os gastos com serviços públicos como saúde, educação e segurança.

A decisão judicial, emitida nesta quinta-feira, ocorre em um contexto em que a ação foi apoiada por estados como Alabama, Arkansas, Flórida, Geórgia, Idaho, Iowa, Kansas, Luisiana, Dakota do Norte, Ohio, Carolina do Sul, Dakota do Sul, Tennessee, Texas e Wyoming, além da organização America First Legal, que questionou a constitucionalidade do programa.

O Parole in Place estabelecia que os interessados deveriam atender a vários requisitos, incluindo a residência contínua nos Estados Unidos desde 2014 e um casamento legalmente válido com um cidadão americano antes de 2024.

Os solicitantes apresentavam sua aplicação através do Formulário I-131, um documento de viagem que o USCIS aceitava sem custo adicional, embora as taxas administrativas para concluir esse trâmite em 2024 somassem 580 dólares.

A decisão levanta questões sobre a capacidade do poder judiciário de intervir em decisões presidenciais, conforme observa a imprensa americana.

A separação de poderes nos Estados Unidos permite que o poder judiciário, por meio da "revisão judicial", avalie a constitucionalidade das ordens presidenciais ou das políticas dos departamentos governamentais.

Dessa forma, qualquer pessoa ou grupo que considere uma ordem executiva inconstitucional pode entrar com uma ação em um tribunal federal.

Nesse caso, o juiz federal pode emitir uma ordem de suspensão que paralise a política até um julgamento definitivo. Se o governo federal não concordar, pode recorrer e levar o caso à Suprema Corte, garantindo revisões em vários níveis.

Após a anulação, o grupo America First Legal, junto com 14 estados, celebrou a decisão judicial que, segundo suas declarações, impede uma tentativa de "amnistia em massa" por parte do governo Biden.

O procurador-geral de Idaho, Raúl Labrador, também elogiou a decisão, afirmando que a decisão freia os esforços da administração para contornar as leis de imigração.

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