Quase uma semana depois de atingir o sul e leste da Espanha e enquanto continua a busca por dezenas de pessoas desaparecidas, a DANA (Depressão Isolada em Níveis Altos) segue causando estragos no país ibérico e, nesta segunda-feira, provocou inundações na Catalunha.
A Agência Estatal de Meteorologia (Aemet) ativou no dia 4 de novembro avisos de risco de níveis vermelho e laranja na Catalunha, em várias áreas da costa mediterrânea, devido a chuvas intensas e precipitação acumulada.
Um aviso vermelho - a alerta máxima em uma escala de três - foi emitido pela Aemet para o litoral da província de Barcelona, devido ao "perigo extremo por chuvas torrenciais". O aviso abrangia seis comarcas: Baix Llobregat, Barcelonès, Garraf, Maresme e todo o Vallès.
Durante a madrugada, choveu intensamente em várias áreas das províncias de Barcelona e Tarragona, onde ruas, porões e garagens ficaram alagados, segundo relataram veículos de imprensa locais.
As intensas precipitações que afetaram a região desde as primeiras horas do dia causaram inundações nas estradas, o que gerou caos no tráfego e interrupções em algumas vias, como foi o caso da estrada A-27, cuja circulação foi interrompida em Valls (Tarragona) devido ao deslizamento de terra e rochas provocado pelas chuvas.
Também várias áreas ficaram inundadas, incluindo o aeroporto barcelonês El Prat, onde foram registrados pelo menos 15 desvios de voos, atrasos generalizados e o cancelamento de 153 voos, conforme informou o ministro dos Transportes, Óscar Puente. Além disso, o serviço de trens Rodalies da Catalunha foi suspenso.
Outras das localidades mais afetadas na província foram Gavà e Castelldefels, esta última sob aviso vermelho (de risco extremo), após ter acumulado precipitações de 180 litros por metro quadrado em 12 horas, informou o diário espanhol Heraldo.
Em Tarragona, as localidades de Salou e Cambrils estavam sob aviso amarelo e laranja, respectivamente, devido a chuvas e tormentas.
A agência meteorológica recomendou aos cidadãos que tomem precauções extremas e evitem viajar, a menos que seja por motivos estritamente indispensáveis.
Igualmente, a Proteção Civil da Generalitat alertou sobre a alta intensidade das precipitações, que em alguns casos foram acompanhadas de granizo, razão pela qual pediu às pessoas que restrinjam a mobilidade.
Entre as recomendações, indicou para não buscar as crianças nas escolas enquanto o temporal atingia com força, por serem lugares seguros, e instou os trabalhadores a não abandonarem seus postos para evitar deslocamentos.
Enquanto o fenômeno climático impacta a Catalunha, na Comunidade Valenciana, a mais atingida pela DANA, prosseguem as operações de busca por dezenas de desaparecidos nas imensas inundações do dia 29 de outubro passado.
As autoridades confirmaram até o momento 217 mortos, a quase totalidade deles (213) em Valência, mas os números podem aumentar à medida que as operações de busca avançam.
Nesta segunda-feira, as ações estavam concentradas em estacionamentos e subterrâneos. As autoridades afirmaram ter pronta uma morgue com capacidade para receber até 400 vítimas fatais, quase o dobro das mais de 200 encontradas até o momento, conforme explicou Javier Marcos, general chefe da Unidade Militar de Emergências (UME), em uma coletiva de imprensa em Madri, segundo a agência EFE.
Após a catástrofe, o governo da Espanha abandonou as comunidades afetadas, e quatro dias depois, seus habitantes ainda estavam sem água, eletricidade, comida ou medicamentos.
Na sexta-feira, milhares de residentes em Valência se mobilizaram e caminharam dezenas de quilômetros para levar alimentos e água aos moradores das localidades afetadas pelas inundações da DANA e ajudar na limpeza, fazendo valer um ditado popular em valenciano: “Sols el poble salva al poble”.
Nesta segunda-feira, o rei Felipe VI presidiu pela primeira vez a reunião do comitê de crise devido à DANA, um dia após as manifestações intensas em Paiporta, uma das localidades mais afetadas da Comunidade Valenciana, durante sua visita junto à rainha Letícia, ao chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e ao presidente da Generalidade Valenciana, Carlos Arturo Mazón. A comitiva oficial foi recebida com gritos de “assassinos” e “fora, fora”.
A imprensa reportou que os reis têm a intenção de retornar ao epicentro da tragédia, apesar do tumulto que se desencadeou durante a visita deste domingo, 3 de novembro, a Paiporta, onde foi registrado o maior número de vítimas fatais do fenômeno climático.
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