Manuel Milanés, sem rodeios sobre os presos políticos em Cuba: "Já passou o 11 de julho e não fomos".

As declarações de Milanés refletem as tensões expressas entre os opositores cubanos e aqueles criadores de conteúdo que se voltam para uma geração de mudanças efetivas em Cuba.

Manuel Milanés © Captura de Video/Instagram/Destino Tolk
Manuel MilanésFoto © Captura de Vídeo/Instagram/Destino Tolk

O opositor e influenciador cubano Manuel Milanés criticou o comportamento de muitos youtubers e criadores de conteúdo cubanos durante os eventos de 11 de julho de 2021, data em que milhares de cubanos se manifestaram na ilha em busca de liberdade.

Recordando as manifestações de 11 de julho, Milanés destacou a ausência de uma ação coordenada que prometesse apoio tangível. Segundo ele, enquanto muitos cubanos se arriscam e são encarcerados, aqueles que incitam permanecem em uma posição confortável, sem levar a cabo os planos que promovem.

“Já passou o 11 de julho e não fomos, os barcos não saíram. Essa é a realidade. Ou seja, você precisa ser realista. Eu tenho notas de voz: Manuel, já saímos, onde vocês estão?”, relatou o influenciador ao programa de YouTube “Destino Tolk”, apresentado pelo youtuber dominicano Dany Pérez e por Fernan.

Milanés enfatizou que essa atitude é uma "conversa fiada" e qualificou como "irresponsável" a postura de quem convoca à mobilização sem acompanhá-la de ações concretas, acusando-os de enviar "as pessoas ao matadouro".

“Porque é aí que está o erro da mensagem: ‘Saiam vocês que nós os apoiamos’. Isso é uma conversa fiada. Você está mandando as pessoas para o matadouro e depois não vai sair nada. Você é um irresponsável”, enfatizou o cubano radicado nos Estados Unidos.

Além disso, afirmou com firmeza que "metade dos cubanos que estão presos é culpa de pessoas que disseram: saiam, que nós apoiamos", em alusão aos chamados que incitam à protesto sem respaldo.

As declarações de Milanés refletem as tensões manifestadas entre os opositores cubanos e aqueles criadores de conteúdo que se voltam para uma geração de mudanças efetivas em Cuba.

Em outro momento da entrevista, Milanés afirmou que a tensão existente entre os influenciadores cubanos é, em parte, incentivada pela ditadura cubana. Segundo ele, é o regime quem "fomenta tudo isso, manda mensagens para um e para outro. Isso é o que a tirania faz para nos colocar para brigar".

Ele também afirmou que existe “muito ego e muita busca por visualizações, que assim que você lança algo que está fazendo sucesso, eles querem apagar isso porque apaga o deles. Ou seja, há muitas coisas que te afastam de um sentimento real de fazer algo por Cuba”.

O contexto repressivo na ilha se insere de maneira particular nas declarações de Milanés, uma vez que muitos cidadãos enfrentam a prisão por seu ativismo.

Nesse particular, voltou sua atenção para o youtuber cubano Otaola, de quem duvidou de sua total ligação com a causa da liberdade de Cuba, quando em seu programa abundam os anunciantes.

“Se o conteúdo diário é falar da ditadura e em um minuto de programa você exibiu 40 anúncios, há o risco de que você esteja mais motivado pelo dinheiro que vem do que está fazendo do que pela liberdade de Cuba”, argumentou.

Manuel Milanés é um dos nomes que o regime cubano incluiu em sua lista nacional de terroristas, que em janeiro deste ano afirmaram ter entregue à Interpol.

Milanés tem utilizado suas plataformas nas redes sociais para denunciar as violações dos direitos humanos em Cuba e apoiar movimentos de protesto, o que, segundo o governo cubano, justifica sua inclusão nesta lista como uma tentativa de desacreditar e criminalizar seu ativismo.

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