O governo espanhol acaba de declarar três dias de luto oficial após as graves inundações causadas pela DANA (Depressão Isolada em Níveis Altos), que já resultou na morte de pelo menos 72 pessoas, segundo a atualização mais recente sobre as vítimas.
A atual cifra de falecidos - que provavelmente continuará a subir nas próximas horas - já coloca a tragédia como o terceiro maior desastre natural na história da Espanha.
O anúncio de luto oficial foi feito pelo ministro de Política Territorial, Ángel Víctor Torres, que aproveitou para exortar os cidadãos das áreas afetadas a não saírem de suas casas nem a utilizarem estradas, muitas das quais estão intransitáveis e alagadas.
A mensagem foi emitida após o primeiro balanço do Comitê de Crise, ativado em Moncloa, que o ministro apresentou em coletiva de imprensa.
Está previsto que o presidente do governo, Pedro Sánchez, visite Valência nesta sexta-feira.
Enquanto isso, os esforços do Governo nas operações de resgate se duplicam.
Sánchez promete "todos os recursos do Estado".
Em uma declaração institucional, Pedro Sánchez classificou esta DANA como a "pior" dos últimos anos.
"Em nome do Governo, quero transmitir nossa solidariedade e carinho às famílias dos falecidos", afirmou Sánchez, que enviou uma mensagem àqueles que ainda buscam seus entes queridos.
" Espanha chora com vocês. Nossa prioridade é ajudar, estamos trabalhando de forma coordenada para mobilizar todos os recursos necessários que permitam a recuperação após esta tragédia. Não vamos deixá-los sozinhos", indicou.
O mandatario prometeu utilizar "todos os recursos do Estado, e se necessário, da União Europeia", para "reconstruir lares e vidas".
"Vamos reconstruir suas ruas, pontes... A Espanha está com vocês", concluiu.
A DANA afetou principalmente a Comunidade Valenciana e Castilla-La Mancha, embora também haja relatos de inundações em algumas áreas da Andaluzia.
A situação continua crítica, com dezenas de desaparecidos, especialmente nas províncias de Valência, Letur e Cuenca.
A Generalitat Valenciana disponibilizou para a população o telefone 900365112 para atender às consultas sobre pessoas desaparecidas.
As operações de resgate continuaram durante toda a noite e esta manhã, com equipes de emergência trabalhando em uma situação complicada, devido ao colapso de várias estradas e falhas nos serviços de telecomunicações.
José Miguel Basset, chefe do consórcio provincial de bombeiros da Diputação de Valência, informou que várias centenas de pessoas ainda permanecem presas nas autoestradas A-3 e A-5, com o acesso às áreas afetadas sendo extremamente difícil.
Diante da magnitude da emergência, o Governo formou um comitê de crise, enquanto o presidente da Generalitat Valenciana, Carlos Mazón, convocou uma reunião às seis da manhã para coordenar os trabalhos de resgate e assistência.
Os efeitos da DANA deixaram um rastro de destruição: carros arrastados pela correnteza, pontes destruídas, resgates em condições extremas e danos materiais avaliados em milhões de euros.
As redes sociais foram inundadas de imagens de pessoas tentando se refugiar em locais altos para se proteger das enchentes.
A situação foi descrita como "excepcional" pela Agência Estatal de Meteorologia, que comparou este DANA com as tempestades históricas de 1987 e 1982, lembrando da "Pantanada de Tous", um evento devastador na região.
A chuva acumulada em 24 horas alcançou 445,4 l/m², o maior registro desde 1966 na Comunidade Valenciana, segundo o balanço inicial divulgado pela AEMET na rede social X.
A Unidade Militar de Emergências (UME) mobilizou mais de 1.000 efetivos na província de Valência para colaborar nas tarefas de resgate e evacuação.
O Instituto de Medicina Legal de Valência mobilizou nove equipes forenses para realizar as identificações e remoções de corpos nos locais do sinistro. Os restos mortais serão trasladados para a Cidade da Justiça de Valência, onde foi preparado um espaço para a recepção e realização de autópsias.
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