Identificam jovens que salvaram dois idosos durante as inundações em San Antonio del Sur.

No povoado dos dois jovens, os estragos do furacão Oscar ainda são significativos e a ajuda não chegou para todos.


Dos jovens que ajudaram no resgate de moradores após as inundações provocadas pela passagem do furacão Oscar pelo município guantanamero de San Antonio del Sur foram identificados como Henry e Freidi.

Assim anunciou o artista visual guantanamero Daniel Ross Diéguez, que dedicou palavras emocionantes a dois jovens que ainda continuam ajudando na recuperação do local devastado.

Captura do Facebook/Daniel Ross Diéguez

Segundo Ross Diéguez, o bairro de Henry e Freidi foi evacuado novamente após o falso aviso sobre a ruptura da comporta da represa de San Antonio del Sur. Eles, assim como fizeram durante a passagem de Oscar, ficaram no segundo andar de uma das poucas casas de placa de seu vilarejo para esperar por quem podiam ajudar. No final, tudo foi um falso alarme, que gerou muito pânico.

“Henry embarcou nesse momento sua esposa e filha pequena para o povoado distante de Acueducto e até hoje não se viram, mas se comunicaram. Eu o encontrei retirando lama de uma moto e, como bom cubano, fazendo um conserto de eletricista empírico para poder ir buscá-las”, disse Ross Diéguez, que tem ajudado e oferecido solidariedade aos moradores daquela região.

O artista visual comentou que ambos os jovens esperam que as águas baixem para retirar um carro da marca Lada de debaixo do lamaçal do bairro El Fanguito, onde as casas continuam cobertas de lama até o teto.

A relação de amizade entre Henry e Freidi – diz Ross Diéguez – transcende o âmbito da solidariedade e também se entrelaça com o futebol, apesar de torcerem para equipes rivais: um para o Real Madrid e o outro para o FC Barcelona.

“Eles se dão bem como irmãos, vivem colados parede com parede e colocam de lado sua paixão para ajudar e tirar lama com cheiro de podre de animais mortos”, aponta.

Em relação à comida, acrescentou que só têm para comer o que ele lhes deu, e isso só dura por dois dias. "Me dói, mas ninguém trouxe nada para eles antes de mim, nenhuma ajuda com alimentos, higiene ou medicamentos. Os vizinhos lhes deram um pouco de alimento de uma igreja que passou, mas nada presencial", destacou.

As necessidades na comunidade também abrangem medicamentos e até mesmo cigarros, que, segundo este artista visual, é “melhor esse cheiro de nicotina do que o cheiro de lama com carne podre”.

Assim, deixou seus cartões para que todos que possam enviar uma ajuda o façam. “Deixo no final meus cartões, com os quais já alimentei 27 casas, 103 famílias vivendo até quatro em uma casa e quantas pessoas encontrei pessoalmente em caminhos lamacentos”, expressou.

Captura de Facebook/Daniel Ross Diéguez

O que Henry e Freidi fizeram, e até mesmo outros jovens da região, evidencia o corajoso esforço de algumas pessoas para ajudar os vizinhos, muitos dos quais são idosos, que sem assistência poderiam ter perdido a vida.

Um testemunho anterior de Ross Diéguez relata que a busca por desaparecidos se estendeu às costas do sul da província, onde foi possível ver um helicóptero sobrevoando em busca de pessoas que possam ter sido arrastadas pelas águas das inundações.

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