Cuqui La Mora: "Até que o Partido Comunista de Cuba não saia, os problemas não vão acabar."

Nos comentários, muitos o reprovaram por fazer um chamado à ação estando fora da ilha, sabendo do que é capaz o regime quando se trata de reprimir e silenciar.


A atriz e comediante cubana Cuqui La Mora desencadeou um debate nas redes sociais após compartilhar sua indignação pela crise energética e política que Cuba enfrenta, agravada desde 18 de outubro com um apagão maciço que deixou a ilha sem eletricidade.

Em seu vídeo, Cuqui fez um apelo à ação, pedindo aos cubanos que saíssem às ruas para exigir o fim do comunismo e a saída do Partido Comunista do poder.

"É hora de tomar ação, de sair às ruas para exigir que soltem o poder, chega de comunismo. Liberdade, é a única solução. Cuba está morrendo e a única salvação está nas mãos dos cubanos dentro da ilha. De fora há uma luta incondicional há anos, mas são vocês, os de dentro, que têm o maior poder para pôr fim a este sofrimento. Vocês têm que agir já. Um povo inteiro não cabe em uma prisão. O povo é quem elege seus governantes e o partido que querem que os represente", escreveu ao compartilhar seu ponto de vista e sentir em um vídeo que gerou controvérsia nos comentários.

"É muito triste ver o que está acontecendo com o povo cubano, a gente se sente impotente, mas mais triste para mim é ver como não tomam ação, como continuam aceitando, como não fazem absolutamente nada para sair dessa miséria", começou dizendo a atriz, que com um tom firme e crítico afirmou que "a única solução real é tirar o Partido Comunista do poder" e ressaltou que, embora do exterior se possa apoiar, é na ilha onde deve surgir a mudança: "Dêem um basta, vamos fazer uma mudança real... mais de 60 anos sofrendo, até quando?".

Sua mensagem não demorou a gerar uma onda de reações entre os usuários, muitos dos quais a criticaram duramente por pedir ao povo que aja enquanto ela reside no exterior. "De verdade que quando eu vejo essas coisas me indigna. O que você fez? Se você quer essa mudança, por que não ficou lá?", comentou um dos usuários. Outro expressou: "Que jeito de falar para essa mulher, de fora qualquer um oferece soluções".

Muitos a acusaram de hipocrisia, lembrando que, quando vivia em Cuba, também não se manifestou: "De Miami é muito fácil exigir, por que você não pensava assim quando estava em Cuba e não fez isso?", apontou outro usuário. Similar foi a crítica de outra pessoa que comentou: "Menina, mas se até o outro dia você estava lá passando trabalho e você saiu. Fez algo? É muito fácil falar daqui".

O tom dos comentários reflete a frustração de muitos cubanos, que veem difícil tomar ação devido à repressão e às duras consequências enfrentadas por aqueles que se opõem ao governo. "Quem empurra não se dá golpes", foi outra das respostas. Várias pessoas lembraram as consequências de 11 de julho de 2021, quando centenas de manifestantes foram presos e encarcerados: "Sabes o que aconteceu em 11 de julho... ainda há pessoas desaparecidas ou morrendo nas prisões sem ver a luz do sol".

Apesar das críticas, houve quem apoiou a postura de Cuqui La Mora e compartilhou sua frustração pela inação dentro da ilha. "Você tem toda a razão, mas o problema é que ninguém quer ser preso", comentou um usuário. Outro acrescentou: "É verdade que é a única solução, mas estão asfixiando as pessoas de fome."

Além de Cuqui, outros artistas cubanos como Camila Arteche, Haydée Milanés, Judith González, Claudia Valdés, Willy Chirino, entre outros, também expressaram sua preocupação e dor pela crise atual, sobretudo, no contexto do apagão massivo e o impacto do furacão Oscar no leste do país. Desde 18 de outubro, a vida em Cuba tem sido marcada pela falta de eletricidade, com apagões de mais de 50 horas em alguns lugares.

Enquanto isso, a população tem mostrado seu descontentamento com panelaços e protestos em meio à crise energética, além das críticas pela realização de eventos como a Bolsa Turística "Destinos Gaviota 2024", organizada em Holguín nesse panorama crítico.

O chamado de Cuqui La Mora, embora tenha gerado controvérsia, reflete o crescente descontentamento que muitos cubanos, tanto dentro como fora do país, sentem em relação à gestão do regime e à prolongada crise que afeta a ilha.

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