Guarapero cubano em Canarias: "Eu nasci dentro dos canaviais"

Ariel Valdés Pinto, de Mayajigua, Sancti Spíritus, está há dez anos em Tenerife; trabalha entre 15 e 17 horas por dia em uma propriedade onde planta cana-de-açúcar em vários ciclos, ají cachucha e abacates, apesar de ter diagnosticado um tumor cerebral. "Eu o tenho como companheiro de trabalho."


Ariel Valdés Pinto, um camponês cubano de Mayajigua, Sancti Spíritus, trabalha entre 15 e 17 horas diárias no posto de guarapo com o qual percorre vários mercados de Tacoronte, na Tenerife (Canárias), e quando termina, por volta das três da tarde, dedica-se a cuidar de seus canaviais, seus abacates e seu ají cachucha em uma propriedade que compartilha nesta ilha espanhola.

Valdés Pinto não se imagina seu negócio em Cuba porque reconhece que lá tudo são obstáculos. Ele encontrou em Tenerife o que gosta e o que teve toda a sua vida: a cana-de-açúcar. "Desde que nasci, nasci dentro dos canaviais", diz à CiberCuba.

Em uma entrevista concedida a este portal, Ariel Valdés confessa que tem um tumor cerebral diagnosticado. Ele percebeu quando, há alguns anos, estava fritando chicharrones e sofreu um formigamento nas bochechas. Após realizar uma tomografia computadorizada, os médicos confirmaram que ele tem uma lesão do tamanho de uma ervilha, que não cresce, portanto acreditam que ele possa tê-la desde o nascimento.

"Eu o tenho como companheiro de trabalho. Se você parar para pensar nisso, fica complicado (ruim) em um canto e não consegue seguir em frente", comentou Valdés Pinto, em declarações a este portal.

Além disso, na entrevista, ele conta que não tem maior ambição do que continuar cultivando várias variedades de cana-de-açúcar, entre elas a Cinta e a Media Luna, e percorrendo os mercados de Tacoronte com sua banca de guarapo, porque gosta do que faz e com isso alimenta sua família e faz felizes os muitos latinos de Tenerife, para os quais o guarapo os lembra de sua terra e suas origens.

Por isso, diz, em seu posto podem beber guarapo os que têm para pagar e os que não têm. "Eu não cobro de uma mulher grávida nem de uma senhora em cadeira de rodas", comenta com humildade.

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Tania Costa

(La Habana, 1973) vive na Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição da região de Múrcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-presidência do Governo da Múrcia (Espanha).


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