Cubanos usam refrescos instantâneos como substituto do açúcar: Outra mostra de "resistência"

Na província de Guantánamo, essa prática colocou em perigo a vida de um lactente com apenas alguns meses de vida, que teve que ser hospitalizado na unidade de cuidados intensivos.

Refrescos instantáneos © Facebook / 360 Santiago de Cuba Compra, Venta Cuba / Francis Cabrales
Refrescos instantâneosFoto © Facebook / 360 Santiago de Cuba Compra, Venda Cuba / Francis Cabrales

Em um contexto onde o açúcar chega a 500 pesos por libra no mercado informal e com apenas 15 usinas de açúcar operacionais para a próxima safra, os cubanos são obrigados a recorrer a uma prática extrema e prejudicial: usar refrigerantes instantâneos como substituto para adoçar comidas e bebidas.

O Programa de Monitoramento Alimentar (Food Monitor Program) emitiu um alerta sobre esta preocupante situação, advertindo que essa prática já está causando vítimas e gerando sérias consequências.

A plataforma informou sobre um caso na província de Guantánamo em que a vida de um lactente com apenas alguns meses de vida esteve em perigo.

Um médico em atividade, desde o anonimato, explicou que a mãe, "por não ter açúcar durante dias e não ter opções para adoçar o leite que dava à menina, recorreu ao uso de refrigerantes em pó para adoçar este produto".

Como consequência dessa prática, o bebê começou com um quadro de vômitos e diarreia "que a levou à desidratação e teve que ser internada em cuidados intensivos"; embora, por sorte, a pequena sobreviveu.

No entanto, o médico alertou que nas consultas aparecem casos como este cada vez com maior frequência, que evidenciam “os extremos que uma pessoa pode chegar para alimentar seus filhos em meio a toda essa escassez”.

Além disso, o médico afirmou que atualmente existe um aumento de casos com sintomatologias gastrointestinais, agravadas pelo consumo de refrigerantes e pela escassez de medicamentos.

A plataforma também advertiu que a dependência de produtos processados e artificiais “pode ter graves repercussões para a saúde pública”, o que, combinado com a escassez de alimentos e o acesso limitado à atenção médica em Cuba, poderia “desencadear novas contradições e desafios para os cubanos”, agravando ainda mais a crise atual.

Entre as causas que deram origem a este problema, o Programa de Monitoramento Alimentar destacou “sua relativa facilidade de aquisição, seu baixo preço, a presença destes em múltiplos comércios e os constantes atrasos na distribuição do açúcar da cesta básica”.

Por último, considerou que “o uso de refrescos instantâneos como edulcorantes é a representação fidedigna de uma economia de subsistência onde os produtos básicos são escassos e caros”.

No entanto, não é a primeira vez que se registram fatos dessa natureza, o que resulta irônico que aconteça em um país onde a produção de açúcar chegou a ser “orgulho nacional” e “pilar da economia”.

No passado, as pessoas recorreram à adoçante de bebidas com xaropes medicinais, evidenciando que o problema na verdade não é novo.

E nesse contexto, o regime cubano continua imerso em seu círculo vicioso e renovou o apelo para reativar o plantio de cana e a produção de alimentos nas entidades dos centrais açucareiros, com o mesmo lema de aproveitar as terras férteis da ilha.

De acordo com o diário oficialista Granma, Salvador Valdés Mesa, vice-presidente da República e membro do Buro Político do Partido Comunista de Cuba, destacou na III Conferência do Sindicato Nacional de Trabalhadores Açucareiros (SNTA) a necessidade de impulsionar a próxima safra açucareira com "responsabilidade e racionalidade", apesar das limitações de recursos.

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