Fiscalía da Bolívia emite uma ordem de prisão contra Evo Morales por supostos crimes sexuais.

A denúncia contra o ex-presidente afirma que a vítima fazia parte de um grupo juvenil criado durante sua presidência, denominado 'Geração Evo'.

Evo Morales © Wikimedia Commons
Evo MoralesFoto © Wikimedia Commons

A Fiscalia da Bolívia anunciou que emitirá uma ordem de apreensão contra o ex-presidente Evo Morales, que governou a Bolívia de 2006 a 2019, para obrigá-lo a declarar no contexto de uma investigação por supostos crimes de tráfico de pessoas e estuprar, relacionados a uma menor de idade com a qual supostamente teve um filho.

Sandra Gutiérrez, fiscal departamental de Tarija, declarou que "o que corresponde é isso, emitir o mandado de apreensão, já que eles (Morales e os outros investigados) foram notificados devidamente sem nenhuma vulneração de nenhum de seus direitos", citou a agência de notícias EFE.

A denúncia contra o ex-mandatário sustenta que a vítima fazia parte de um grupo juvenil criado durante sua presidência, denominado 'Geração Evo'.

Embora Morales estivesse convocado a depor esta sexta-feira em Tarija, onde se investiga o caso, sua defesa apresentou um memorial argumentando que uma sentença constitucional estabelece que o caso deve ser tratado em Cochabamba, onde reside o ex-presidente.

Gutiérrez explicou que, ao não justificar sua incomparecência, Morales e outros dois investigados enfrentam a mesma situação legal.

A fiscal enfatizou que a ordem de apreensão é necessária para que os implicados se apresentem e respondam aos memoriais de sua defesa. “Não se está vulnerando nenhum direito”, afirmou.

Organizações sociais afins a Morales alertaram que, se a ordem de apreensão for executada, iniciarão um bloqueio nacional de estradas em protesto. O ex-mandatário, que se distanciou do atual governo de Luis Arce, qualificou essa situação como uma “perseguição política” e afirmou que conta com o apoio de mais de 200 advogados dispostos a defendê-lo gratuitamente.

A denúncia contra ele foi apresentada no dia 26 de setembro, dias depois de ele liderar uma caminhada em La Paz, levantando demandas políticas e sociais, e incluindo sua nomeação como "candidato único" do Movimento ao Socialismo (MAS) para as eleições gerais de 2025. O Grupo de Puebla, uma organização política e acadêmica de esquerda na América Latina, expressou sua preocupação com o que considera uma "campanha de lawfare" contra Morales.

No entanto, desde 2020, o ex-presidente enfrenta acusações similares. Em agosto de 2020, o Ministério da Justiça da Bolívia investigou Morales, após receber uma denúncia anônima por uma suposta relação amorosa com uma menor de idade, com quem teria tido um filho.

“Este é um tema bastante, bastante delicado: trata-se da existência de uma menina. Então, não queremos ser imprudentes em colocar isso público, sem ter as provas necessárias que demonstrem que o ex-presidente Morales manteve relação com uma menor de idade e até procreou um filho”, declarou a entidade então.

A imprensa boliviana também expôs naquele ano outra suposta relação do político com uma jovem de 19 anos, que teria começado quando ela era menor de idade.

Em 2016, também foi atribuída a ele uma relação com Gabriela Zapata, ex-gerente da empresa chinesa CAMC, à qual o Estado boliviano concedeu contratos milionários.

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