Comparativa de regulações mostra como a crise em Cuba obriga o regime a manter isenções aduaneiras.

A economia de Cuba continua desorientada e obriga o regime a prolongar suas medidas desesperadas para importar alimentos e medicamentos até 2025.

Viajeros en Aduana, Aeropuerto José Martí © Ismael Francisco/ Cubadebate
Viajantes na Aduana, Aeroporto José MartíFoto © Ismael Francisco/ Cubadebate

A aguda crise econômica em Cuba obrigou o governo a estender e ampliar as medidas excepcionais para a importação de bens essenciais, como alimentos, medicamentos e insumos médicos, sob um regime de isenções aduaneiras.

Esta política, válida até 31 de janeiro de 2025, evidencia a gravidade da situação na ilha e sublinha o deterioro das condições de vida para a população.

A Gaceta Oficial de 28 de setembro de 2024 destaca a continuidade dessas flexibilizações, que já haviam sido implementadas temporariamente em 2021 após as manifestações do 11J, mas que agora se estendem por um período mais prolongado e com uma maior especificidade nos produtos beneficiados.

Em julho de 2021, em meio à pandemia de COVID-19 e uma forte tensão política na ilha, o governo impôs medidas excepcionais para permitir aos cidadãos a importação de alimentos, artigos de higiene e medicamentos sem caráter comercial e isentos do pagamento de tarifas.

As isenções tarifárias na Gaceta Oficial de 2021 apenas se estendiam até dezembro daquele ano, respondendo a uma necessidade urgente de abordar a escassez gerada pela crise sanitária e o suposto "agudamento do bloqueio" dos Estados Unidos.

No entanto, em 2024, o alcance dessas medidas foi ampliado e sua duração foi estendida até janeiro de 2025, refletindo uma crise que não apenas persiste, mas que se agravou.

Diferenças entre Resoluções de 2021 e 2024 para importar em Cuba

O contexto atual no país é particularmente crítico. As prolongadas dificuldades econômicas, agravadas por uma crise energética, escassez de produtos básicos e o colapso de setores estratégicos como a agricultura e a produção industrial, levaram o governo a adotar medidas mais prolongadas e detalhadas em relação às isenções aduaneiras.

Enquanto em 2021 a flexibilização se concentrava em permitir a importação de alimentos, produtos de higiene e medicamentos em geral, as resoluções emitidas em 2024 incluem um catálogo muito mais extenso de dispositivos médicos e produtos de saúde específicos.

Isso reflete a gravidade da crise sanitária e a urgência de abastecer o país com materiais essenciais que já não podem ser produzidos internamente nem adquiridos facilmente no mercado nacional.

Entre os produtos isentos de impostos em 2024 estão equipamentos médicos tão diversos como medidores de glicose, oxímetros, seringas, ventiladores portáteis e próteses dentárias, o que ressalta a necessidade urgente desses insumos em uma sociedade que enfrenta um deterioro notável em seu sistema de saúde pública.

As resoluções também permitem que pessoas naturais enviem e recebam esses produtos por via aérea, marítima ou postal, facilitando o fluxo de suprimentos do exterior, onde a diáspora cubana tem desempenhado um papel fundamental no apoio às famílias na ilha.

Importação de alimentos contra o aumento da pobreza extrema em Cuba

Além das isenções para produtos médicos, em 2024 também renova as medidas que permitem a importação sem caráter comercial de alimentos e artigos de higiene, sem limites em seu valor ou peso quando transportados como bagagem acompanhada.

As pessoas podem trazer até 50 quilos desses bens sem pagar impostos aduaneiros, um aumento considerável em comparação com os 10 quilos autorizados em 2021 para medicamentos.

A extensão dessas flexibilizações até janeiro de 2025 revela uma aceitação implícita do governo de que as condições econômicas do país não melhorarão no curto prazo.

A comparação entre as medidas de 2021 e 2024 reflete uma evolução clara nas políticas aduaneiras do governo cubano. Enquanto as medidas de 2021 eram temporárias e limitadas em seu alcance, as disposições atuais reconhecem que a crise se tornou crônica.

Que os cidadãos importem o que o governo não produz.

O deterioramento das condições de vida, especialmente no acesso a alimentos e atendimento médico, forçou o governo a prorrogar indefinidamente políticas que em seu momento foram consideradas de emergência.

As resoluções de 2024 confirmam a gravidade da crise econômica em Cuba e a incapacidade do governo de fornecer os bens essenciais à população.

Apesar de que essas medidas temporárias buscam mitigar a escassez, também ressaltam a crescente dependência do país nas importações e no apoio da diáspora cubana.

A prorrogação e ampliação das isenções aduaneiras é, em essência, um reconhecimento oficial da precariedade econômica de Cuba e uma medida desesperada para aliviar as necessidades mais básicas de sua população em um contexto de aguda crise humanitária.

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