Cubano vende tudo para sair de Cuba: "Não suporto a ideia de que minha filha cresça em uma sociedade quebrada"

O cubano foi ameaçado em várias ocasiões por suas críticas ao regime de Havana.

Manuel Viera © Facebook / Manuel Viera Porelcambio
Manuel VieraFoto © Facebook / Manuel Viera Porelcambio

O advogado cubano Manuel Viera, conhecido nas redes como "Manuel Viera Porelcambio", afirmou neste sábado que colocou seus pertences à venda para abandonar Cuba, porque não vê um futuro para sua filha na ilha.

Viera, que há vários anos é conhecido no Facebook por defender os direitos dos cidadãos cubanos, explicou que a principal razão de sua partida é o desencanto político.

"Não estou saindo de Cuba por problemas econômicos, estou saindo por problemas políticos", expressou o advogado, que se preocupa com o futuro de sua filha e sua esposa, que, segundo ele, não deveriam crescer nem viver em uma sociedade que descreveu como "quebrada" e que "ninguém quer consertar".

Viera também anunciou a venda de sua casa no município de Playa, uma residência na qual investiu 18 anos de sua vida, construída "pedra por pedra" com os poucos recursos que obteve como advogado.

Facebook / Manuel Viera

"É a casa onde vi nascer meus três filhos, pensada para viver e ter lá o negócio", lamentou.

Também está vendendo seu carro, um velho Dodge argentino que herdou de seu pai e que tem sido seu companheiro por mais de 30 anos. "Conheço cada porca e cada parafuso do meu palmiche", disse, referindo-se com carinho ao veículo que o acompanhou quase toda sua vida.

"Nunca baixei a cabeça"; mas "Não suporto a ideia de que minha filha cresça em uma sociedade quebrada que ninguém quer consertar", afirmou.

No final de sua mensagem, acrescentou que não tem intenções de voltar a Cuba enquanto "cheirar a medo" e persistir o controle político sobre a sociedade.

"Quero viver livre, quero que elas sejam livres", manifestou Viera, que afirma que "em Cuba só deixarei minha lembrança e meu nome no vento".

Nos últimos três anos, Cuba viu partir mais de 18 por cento de sua população na pior crise migratória da história da ilha.

Apesar disso, o regime cubano continua pedindo à população que resista à falta de liberdades, à fome e ao desespero.

Desde que começou a criticar o regime nas redes sociais, Viera tem sido perseguido, convocado pela Segurança do Estado ao seu quartel-general em Villa Marista e ameaçado, como parte da falta de liberdades que a sociedade cubana enfrenta.

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