O Observatório de Liberdade Acadêmica (OLA) expressou sua preocupação com os novos livros didáticos que o regime distribuiu a seus alunos neste ano letivo, onde acusa uma intensificação do doutrinamento.
Mediante um comunicado, OLA se pronuncia sobre o Terceiro Aperfeiçoamento da Educação em Cuba, no qual foram redesignados um total de 506 livros didáticos e cadernos de trabalho, em conjunto com o Ministério da Educação (MINED), a editora Pueblo e Educação e o Instituto Superior de Design (ISDi).
O Observatório aponta que os novos materiais foram entregues aos alunos do primeiro e quarto anos, no ano letivo passado, e que para o atual, está programada a entrega para estudantes do segundo e quinto anos.
Um relatório do canal oficialista TV Yumurí informava que, além dos graus mencionados, também foram recebidos alunos do sétimo ano da escola secundária básica, e do décimo ano no pré-universitário, junto ao primeiro ano da Ensino Técnico e Profissional, da Formação Pedagógica, assim como aqueles que cursam a educação para jovens e adultos.
Em sua denúncia, OLA ressalta que não é o design o mais preocupante dentro desses novos livros didáticos, mas sim “a forte carga doutrinária em suas páginas”.
“Convencidos do cada vez mais escasso alcance de seu esquema ideológico, o Estado cubano continua apostando na manipulação escolar desde as etapas iniciais do desenvolvimento intelectual”, apontam.
É possível ver nos novos conteúdos figuras que não se destacavam em textos anteriores, como o governante cubano Miguel Díaz-Canel, ou a exaltação a Che, Fidel Castro e Celia Sánchez. “Agora, se folhearmos atentamente o livro de leitura entregue aos crianças de primeiro grau, poderemos observar uma maior presença de imagens associadas com a 'Revolução' e é que para ensinar aos mais pequenos o correto uso das letras, foi utilizado quanto 'marco histórico fidelista' se pôde”, detalham.
Anteriormente, o processo educativo centrava-se em enaltecer figuras sociais relacionadas com o período posterior à chegada ao poder de Fidel Castro. Era comum encontrar textos que faziam referência ao plantio e à colheita de cana, destacando a figura do miliciano, o trabalhador como pilar da nova sociedade e, claro, a luta anterior dos rebeldes.
A amplitude dessas mudanças e a preocupação com sua implementação levaram a OLA a instar a UNESCO e ao Laboratório Latino-Americano de Avaliação da Qualidade da Educação a realizar uma revisão minuciosa do novo material docente distribuído, com o objetivo de corrigir seu propósito de controle ideológico sobre as novas gerações de cubanos.
Súmele a isso a qualidade na confeção dos livros que passarão de mãos em mãos. “Entre as medidas adotadas para sua conservação está o foliado para garantir o controle e foi indicado que podem ser encapados, mas sem colocar presilhas nem fitas adesivas nas capas”, explicou Yainet Trejo Moreno, subdiretora de Educação em Matanzas.
Estes novos livros chamaram a atenção dos pais das crianças, que se interessaram pelo conteúdo que traz e os perigos que acarretam os ideais que transmite.
O adoctrinamento dos pequenos estudantes é uma prática sistemática na educação cubana e tem diversas expressões no imaginário do regime cubano. Em fevereiro deste ano, um vídeo que mostra uma professora membro do Partido Comunista que visitou uma sala de quinta série para falar aos menores sobre a "honra" que significa ser militante gerou uma multitude de críticas.
O ano letivo em Cuba é repleto de momentos em que os estudantes são mobilizados para atos propagandísticos nos quais se pretende forjar suas “consciências revolucionárias”, seja desde o Primeiro de Maio até jogar flores para Camilo.
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