Um cubano expôs nas redes sociais as duras consequências da inflação no país ao mostrar que o preço de preparar um ajiaco em casa supera os 8.000 pesos.
Manuel Viera, residente em Havana, compartilhou no Facebook sua experiência ao tentar cozinhar este prato típico, e a quantia que teve que desembolsar reflete a dura realidade econômica que enfrentam os cubanos.
“Hoje acordamos em casa com vontade de comer ajiaco”, apontou Viera, ressaltando que fazia tempo que não preparava o prato; no entanto, denunciou que o mais surpreendente foi o exorbitante custo dos ingredientes.
Decidiu aproveitar o dia de "feira" para buscar os alimentos, mas apesar de ser um mercado de produtos do campo, teve dificuldades para conseguir o necessário.
No final de sua busca, Viera detalhou os preços: 3 libras de carne por 4.200 pesos, coentro por 100, milho por 250, cebola por 1.000, a malanga custou 490, um sortido de raízes cortadas a 390, uma mandioca a 70, uma pequena mão de banana burro 100 e quatro diminutas bananas macho 100 também.
Além disso, uma lata de purê de tomate custou 500 pesos, assim como o cominho e o tempero completo, que somaram outros 500 pesos, encarecendo ainda mais a preparação.
Ao somar tudo, o custo total foi de 8.270 pesos, uma cifra alarmante para um prato que faz parte da tradição cubana.
“Hoje fazer um ajiaco neste paraíso ‘turístico’ custa mais de 8 mil pesos”, escreveu Viera, refletindo sobre como em um lar com dois profissionais, como médicos, professores ou engenheiros, seria impossível se permitir este prato mesmo uma vez por mês.
Pior ainda, para aposentados e pensionistas, o acesso a esses alimentos básicos parece uma meta inatingível, denunciou.
Viera concluiu sua publicação com uma forte crítica à situação econômica do país: “Assim vivemos os cubanos, ou melhor, assim não vivemos”, refletindo dessa maneira a crescente frustração diante dos altos preços e a difícil realidade que enfrenta o cubano comum.
Cuba encerrou o mês de maio com uma alta anual da inflação de 31% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo os dados que a ministra de Finanças, Lourdes Rodríguez, compartilhou com um grupo de representantes de Mipymes.
Segundo Rodríguez, os preços estão "estáveis" dentro da gravidade, levando em consideração que o acumulado de janeiro a maio é de 15%.
“Estamos em uma tendência que não vai em um ritmo superior ao de 2023, mas que também não para seu crescimento”, advertiu.
Essa mesma tendência "esperançadora" foi confirmada em junho último, quando o regime cubano afirmou que a situação da economia "continua sendo muito tensa", mas que os preços seguiam crescendo a um ritmo menor.
"A inflação mensal mostrou em abril uma ligeira desaceleração: de 4,07 em março para 2,13. Em relação a março de 2023, a inflação anual, que alcançou 46,4%, tem se desacelerado", disse em uma reunião do Conselho de Ministros o titular de Economia e Planejamento, Joaquín Alonso Vázquez.
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