Jovem que levou quase dois anos nos EUA retornou a viver em Cuba e explica seus motivos.

A jovem cubana voltou há poucos dias a Havana.


Sheila Pérez, uma jovem cubana que vivia há quase dois anos nos Estados Unidos, gerou polêmica nas redes sociais após anunciar sua decisão de retornar a viver na ilha.

“Eu vou porque sim, porque quero. Não estou 100 por cento feliz aqui”, afirmou em vários vídeos que circulam nas redes sociais, e sublinhou o carinho que sente por seus entes queridos na ilha.

Pérez, que trabalhava na Walmart, explicou em um vídeo que decidiu deixar seu emprego e retornar à ilha por razões pessoais, quer estar perto de sua família e, especialmente, de seu avô, que a criou e é uma pessoa muito especial para ela.

Um dos fatores que influenciou sua decisão foi a eliminação do programa de parole solicitado por seus familiares para seu avô, o que complicou a possibilidade de que ele emigrasse para os Estados Unidos, fato que se mostrou crucial em sua determinação de retornar.

"Ele foi a pessoa que me viu dar meus primeiros passos e eu quero ver os últimos passos dele", explicou emocionada.

Sheila também destacou que, embora muitos migrantes cubanos nos Estados Unidos não sintam a mesma necessidade de estar perto de suas famílias na ilha, para ela a situação é diferente.

Além de seu avô -pois sua avó morreu em 2018- sua mãe também vive em Cuba, o que reforçou seu desejo de voltar, apesar de residir nos Estados Unidos com seu pai e irmã. A jovem expressou entusiasmo por retornar ao que considera seu verdadeiro lar, embora diga estar ciente do que isso representa.

Nos vídeos que publicou após sua chegada a Cuba, a jovem apareceu feliz mostrando ao avô as roupas que comprou e descrevendo para o idoso o cheiro das peças: que ela qualificou como o "cheiro de yuma", do qual disse que nos Estados Unidos não se nota, mas que ao chegar a Cuba, sim.

"Obrigado pela publicação. Agradeço aos que entendem o valor da família, e para os que não entendem, não me importo com o que sejam: filho, pai ou neto. Parte da liberdade que todos ansiamos é deixar cada um tomar suas decisões, então poupem-se da hipocrisia de dizer que querem liberdade se os incomoda vê-la", escreveu na seção de comentários do perfil de Instagram La Familia Cubana.

"Outra coisa: não se aceitam críticas de ninguém que tenha feito menos do que eu aqui em Cuba, sair no dia 11 de julho e dar a cara pelos que não estamos de acordo com este regime daqui de dentro, tendo mais coragem do que muitos", acrescentou.

Captura de Instagram/La Familia Cubana

Os vídeos de Sheila geraram uma onda de reações, dividindo opiniões entre aqueles que apoiam sua decisão e aqueles que a criticam.

Desde um ponto de vista econômico, muitos cubanos consideram que seu retorno a Cuba carece de sentido, porque embora a vida nos Estados Unidos exija muito trabalho, esforço e dedicação, oferece um futuro mais seguro do que o que poderia encontrar na ilha.

Outros sugeriram que Sheila deveria ter esperado para obter seu green card antes de tomar uma decisão tão importante.

No entanto, também há quem elogie a decisão da jovem, qualificando-a de corajosa, e celebram o que consideram antes de tudo um gesto de amor pelo avô.

A cubana, que conta com 113.000 seguidores no Instagram, documentou algumas de suas primeiras experiências na ilha. Uma delas, especialmente emotiva, foi um cafezinho feito por seu avô.

"Depois de quase dois anos sem sair para uma festa, ontem foi a primeira, me convidaram para celebrar o aniversário de um dos meus melhores amigos", escreveu em outra de suas publicações mais recentes.

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