A novelista e senadora chilena Isabel Allende, filha do ex-presidente Salvador Allende e militante do Partido Socialista (PS), foi enfática em sua recente crítica ao governo de Nicolás Maduro, a quem qualificou de "ditadura com todas as letras".
Em uma entrevista com a CNN na segunda-feira, 19 de agosto, Allende sublinhou que o regime de Maduro não reflete absolutamente o socialismo que seu pai defendeu durante seu governo no Chile.
Allende manifestou seu repúdio às comparações que Maduro fez entre seu regime e o governo de Salvador Allende, assegurando que as práticas autoritárias e repressivas na Venezuela distam enormemente da visão socialista que seu pai tentou implementar.
"Venezuela é um governo autoritário, uma ditadura com todas as letras", declarou, acrescentando que o socialismo de Salvador Allende não tem relação alguma com o que foi implantado na Venezuela sob a liderança de Maduro.
Em relação às recentes eleições presidenciais na Venezuela, Allende questionou a legitimidade do processo eleitoral e apontou que o resultado que proclamou Maduro como vencedor foi fruto de uma fraude.
"É evidente que Maduro não ganhou a eleição e que foram realizadas todo tipo de ações completamente irregulares, que estão totalmente distantes dos padrões democráticos internacionais de uma eleição livre, aberta e informada. Foi uma fraude", afirmou.
Além disso,expressou sua preocupação com a crescente repressão na Venezuela, indicando que a situação atual é alarmante. "Começou a pior parte: a repressão dura, as detenções indescritíveis. Não é apenas uma fraude, está recorrendo às piores práticas que empregam os ditadores que não querem deixar o poder", acrescentou.
Isabel Allende também recordou com gratidão o apoio que muitos chilenos receberam na Venezuela durante a ditadura de Augusto Pinochet, destacando a solidariedade do povo venezuelano em momentos de crise para o Chile. "Devemos agradecer muito ao povo venezuelano, em nossa pior época foi um povo maravilhoso, solidário", concluiu.
As declarações de Allende sintonizam com as expressas pelo presidente do Chile, o socialista Gabriel Boric, que no início de agosto afirmou que seu governo não reconhece Nicolás Maduro como vencedor das eleições presidenciais da Venezuela, realizadas no dia 28 de julho de 2024.
Nesse sentido, Boric expressou sua rotunda negativa em aceitar os resultados, argumentando suspeitas de fraude eleitoral e violações dos direitos humanos na Venezuela. "Não tenho dúvida de que o regime de Maduro tentou cometer fraude eleitoral. Se não fosse assim, teriam mostrado as famosas atas", declarou.
"Além disso, estão cometendo graves violações dos direitos humanos, reprimindo as pessoas que estão se manifestando e iniciando perseguições penais que são risórias e não seriam aceitáveis no Chile nem em nenhum outro país democrático, contra lideranças da oposição", acrescentou o presidente chileno.
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