Confirmam mortalidade em massa de corais no Parque Nacional Desembarco do Granma

Noventa e nove por cento das colônias de Acropora palmata apresentavam sinais de mortalidade antiga, provavelmente devido ao evento de branqueamento de corais ocorrido em 2023.

Muerte de corales en Cuba © Facebook / Bioeco
Morte dos corais em CubaFoto © Facebook / Bioeco

A mortalidade em massa da espécie Acropora palmata, uma das mais importantes do ponto de vista ecológico por seu papel na formação de recifes de coral, foi confirmada no Parque Nacional Desembarco do Granma.

O Centro Oriental de Ecosistemas e Biodiversidade (Bioeco), com sede em Santiago de Cuba, confirmou através do Facebook que seus especialistas, juntamente com técnicos da região, documentaram o trágico evento durante um recente monitoramento.

Captura do Facebook / Bioeco

Jorge Antonio Tamayo Fonseca, da Bioeco, informou que em várias imersões realizadas na área foi constatado que 99% das colônias de Acropora palmata apresentavam mortalidade antiga, provavelmente como resultado do recente evento de branqueamento de corais ocorrido em 2023.

Esse fenômeno, exacerbado pelo aumento da temperatura da água, poluição e outros fatores ambientais, teve um impacto devastador na saúde dos corais.

Durante o monitoramento, que abrangeu um percurso de 7,5 quilômetros, dos quais 3,5 foram na parte externa da Cresta Arrecifal na área de Cabo Cruz, foram estabelecidas 14 estações de estudo, cada uma separada por 250 metros.

Cinco pessoas participaram da execução do protocolo, gravando vídeos em cada estação para coletar dados cruciais sobre a saúde dos corais.

Tamayo destacou que os corais são extremamente sensíveis a mudanças na temperatura da água, na qualidade e ao aumento da acidez, entre outros fatores estressores.

Quando os corais estão sob estresse, podem expulsar as zooxantelas, organismos que lhes conferem cor e a maior parte de seus nutrientes. Sem essas algas, os corais passam por um processo conhecido como branqueamento, que pode levar à sua morte.

A Bioeco, por meio do grupo Biomar, continua comprometida com a pesquisa e o monitoramento dos ecossistemas marinhos, participando de diversos projetos nacionais e internacionais.

Em 2023, cientistas cubanos eliminaram a primeira aparição no país da Unomia stolonifera, uma espécie invasora de coral branco, que foi descoberta em setembro de 2022 na enseada de Bacuranao, no leste de Havana.

A espécie, que os cientistas presumem ter chegado a Cuba vindo da Venezuela, estava confinada a um metro quadrado da parede do cangilão, a 11 metros de profundidade, fixada sobre uma camada de algas vermelhas calcárias incrustantes, de acordo com um estudo científico citado pela Rede Cubana de Ciência (Redcien).

No entanto, o estudo e a conservação dos corais têm sido uma grande preocupação para o regime, embora tenha reconhecido que dispõe de poucos recursos para realizar essa atividade científica.

Em 2022, pesquisadores do Parque Nacional Guanahacabibes e do Aquário Nacional de Cuba aplicaram técnicas de reprodução de corais naquela península de Pinar del Río, com o objetivo de garantir a proteção de duas espécies declaradas em perigo de extinção devido à ação humana e aos fenômenos naturais.

Trata-se de um procedimento inovador de fertilização assistida das espécies Acropora palmata (conhecida como chifre de alce) e Acropora cervicornis (com nome comum de chifre de cervo), declaradas em perigo crítico pela União Internacional para a Conservação da Natureza, afirmaram especialistas que participam do monitoramento e da pesquisa científica dos corais.

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