Médica cubana denuncia colapso do sistema de saúde: “Condenam pacientes renais a uma morte lenta”

A doutora denunciou o calvário que seu marido, de 38 anos e paciente renal, está enfrentando, cuja vida está em perigo devido à escassez de insumos médicos.

Instituto de Nefrología "Dr. Abelardo Buch López" (Imagen de referencia) © Facebook / Instituto de Nefrología "Dr. Abelardo Buch López"
Instituto de Nefrologia "Dr. Abelardo Buch López" (Imagem de referência)Foto © Facebook / Instituto de Nefrologia "Dr. Abelardo Buch López"

Yarianna Arce Salomón, médica especialista em Medicina Geral Integrada e Cirurgia Geral, denunciou nas redes sociais o colapso do sistema de saúde em Cuba e a alarmante falta de insumos médicos essenciais para tratar pacientes renais.

No Facebook, Arce expôs a dura realidade que seu esposo enfrenta, um homem de 38 anos que padece insuficiência renal e depende da diálise peritoneal para sobreviver, um tratamento que, apesar de ser considerado prioritário, se tornou insustentável devido à escassez de recursos.

Captura do Facebook / Yarianna Arce

Embora a galena cubana agradecesse o esforço da equipe médica do Instituto Nacional de Nefrologia, e sua líder, a doutora Yanet, apontasse que isso é em vão se o Ministério da Saúde Pública não garantir os insumos necessários para manter o tratamento.

“Agora, além de estar doente, em fase terminal, também é preciso sofrer por não haver o ínfimo recurso para manter o tratamento de forma estável”, lamentou.

Segundo a denunciante, a situação chegou a um ponto crítico: não há bolsas de diálise peritoneal para entregar aos pacientes.

A alternativa que lhes é oferecida é desesperadora: submeter-se à hemodiálise, um tratamento igualmente afetado pela falta de recursos, ou enfrentar a morte. “Por que temos que sofrer tanto para continuar aqui em Cuba? Por que nos desamparam dessa maneira com um recurso tão simples como este?”, perguntou-se com indignação.

Arce denunciou que há mais de quatro anos não são realizados transplantes renais no país devido à mesma escassez de recursos.

Uma nação onde se presume ter uma “medicina de ponta” e um alto nível científico, resulta inconcebível que não se possa garantir um recurso tão básico como a dextrose para um grupo reduzido de pacientes que depende dela para viver.

"São cerca de 80 pacientes sob este tratamento em um país inteiro, e não se pode garantir o recurso nem mesmo para eles", destacou.

A médica criticou duramente a ineficácia do sistema de saúde cubano, apontando que parece mais focado em discursos políticos e promessas vazias do que em resolver os problemas reais que afetam a vida dos cidadãos.

“Seguimos perdendo tempo em reuniões, diluídos em política, falando sobre o quanto querem fazer, mas não fazem nada, e nossos entes queridos continuam sofrendo, e seguimos perdendo-os, pela falta de gestão e pela ineptidão de pessoas a quem não importa a situação”, denunciou com raiva.

Arce expressou sua profunda decepção com o setor ao qual dedicou sua vida: “Me envergonho de pertencer a esta classe médica, me arrependo de ter estudado tanto para nada, me sinto traída pelo próprio setor ao qual pertenço e do qual talvez fosse melhor nem ter feito parte”, concluiu, refletindo o sentir de muitos profissionais da saúde que enfrentam diariamente a dura realidade de um sistema em colapso.

Finalmente, disse que seu esposo “continua esperando seu transplante que nunca chega, não sei como chegamos a esse ponto, mas sei que não posso ficar calada diante de tanta insensibilidade e injustiça.”

Em meio a esse contexto de extrema escassez nas instituições de saúde, e enquanto o regime em Havana continua enviando especialistas para cumprir missões em outras nações, os cubanos continuam expondo nas redes sociais os casos de negligência médica,

Evidência dessa situação foi o recente falecimento do médico cubano Roberto Edelso Ramírez, na província de Cienfuegos, em decorrência da falta de insumos médicos para pacientes em cuidados coronários.

Captura de Facebook / Edgar Ramírez Turiño

O filho do galeno, Edgar Ramírez Turiño, denunciou no Facebook que a falta de insumos e equipamentos médicos essenciais, assim como a aparente falta de resposta por parte do pessoal, provocaram o desfecho fatal no Hospital Gustavo Aldereguía Lima e pediu uma resposta das autoridades.

No início de agosto, uma jovem mãe cubana residente em Holguín denunciou que seu filho, de apenas 20 dias de vida, morreu em consequência de negligência médica em um hospital dessa província.

Arlety González, do Reparto Negrito no município holguinero de Antilla, contou ao meio independente CubaNet que tudo começou no dia 24 de janeiro, quando seu bebê adoeceu e, após um desfecho fatal, lhe disseram que ela “fizesse a ideia de que ele não existia. Que ele nunca tinha existido”.

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