Prensa oficial ameaça cubanos que comprem ou vendam divisas: "Até cinco anos preso"

O jornal Granma, principal porta-voz do regime, evidenciou a severidade com que o governo tenta controlar as transações econômicas dos cidadãos.


O principal porta-voz do regime cubano, o jornal Granma, publicou nesta quarta-feira um artigo ameaçando aqueles que compram ou vendem divisas, lembrando que essa atividade não só é um delito passível de sanção penal, mas que também resulta na perda do dinheiro envolvido, demonstrando assim a severidade com que o governo tenta controlar as transações econômicas dos cidadãos.

Em sua edição digital, o jornal atacou aqueles que trocam moedas nacionais por estrangeiras, argumentando que isso "afeta o sistema econômico do país". Além disso, destacou que toda transação de venda, cessão, transmissão ou aquisição de moeda estrangeira "é ilegal e constitui um delito".

Segundo o Granma, a população deve saber que não existe “um mercado informal”, mas sim um crime que “se utiliza das facilidades das redes de comunicação social para a oferta, compra, venda e troca de moedas nacionais e divisas estrangeiras”.

A esse respeito, culpou a plataforma El Toque, descrevendo-a como “um indicador do mercado ilegal” e apontando que sua estratégia é “afetar a economia, gerar um impacto negativo na escala monetária do país e piorar as condições de vida dos cubanos”, desconsiderando todas as facetas da acentuação da crise econômica em Cuba, assim como seu principal responsável, o próprio governo.

O artigo do Granma lembrou todo o arcabouço legal regulatório sobre o qual ameaçou a cidadania, instando-a a não continuar a compra-venda de divisas.

Mencionou os incisos a) e c) do Artigo 11 do Decreto-Lei nº 361, de 14 de setembro de 2018, onde se destaca que o Banco Central de Cuba (BCC) propõe “as políticas monetária, financeira, creditícia e cambial, coordenando seus desenhos e alcances com os objetivos da política fiscal”.

Ao Banco, também cabe, segundo a Resolução No. 177, de 26 de novembro de 2020, estabelecer “a taxa de câmbio do peso cubano em relação às moedas estrangeiras”.

Subrayou que o Decreto-Lei nº 362, de 15 de setembro de 2018, em seu artigo 15, indica que as casas de câmbio “são as instituições financeiras cubanas que realizam as operações cambiais e de compra e venda de moedas e notas estrangeiras, troca e re-troca”.

O artigo do Granma também enfatizou que, em Cuba, a Lei No. 151, de 15 de maio de 2022, Código Penal vigente, nos incisos e) e g) de seu artigo 315.1, "prevê como delito as ações de vender ou, por qualquer meio, ceder, transmitir ou adquirir moeda estrangeira".

“Estas ações são sancionadas com privação de liberdade de dois a cinco anos, ou multa de quinhentas a mil cotas, ou ambas”, lembrou.

Por último, considerou oportuno assinalar que as pessoas que se arriscam a entrar na compra neste mercado ilegal “se expõem a serem consideradas como infratoras do crime de falsificação de moeda – artigo 330.1 d), da Lei No. 151 de 2022 –, que ocorre quando a moeda que lhe foi vendida ou trocada é falsa e quem a recebeu a coloca em circulação”.

Em julho passado, a polícia cubana desarticulou uma rede de fraudes milionárias na compra e venda ilegal de divisas na cidade de Santa Clara, em Villa Clara, e prendeu as quatro mulheres que supostamente a integravam.

Desde o final de 2023 até o momento da sua prisão, as detidas realizaram mais de 15 operações de fraude, com um valor que variava entre 800.000 e mais de 1.000.000 de pesos cubanos cada uma, segundo informou à emissora CMHW o tenente-coronel Héctor de la Fe Freire, chefe do Ministério do Interior (MININT) na cidade do centro de Cuba.

Em fevereiro, dois cubanos foram presos por sua implicação em vários casos de fraude na venda ilegal de divisas também em Santa Clara.

Captura do Facebook / Fuerza del Pueblo

Segundo revelou no Facebook o perfil oficialista Fuerza del Pueblo, recentemente um casal foi vítima de um golpe, após entrar em contato nas redes sociais com algumas pessoas que supostamente se dedicavam à compra e venda de dólares.

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