Centro Carter denuncia grave violação dos princípios eleitorais na Venezuela

As eleições na Venezuela estão sob o olhar de organizações internacionais. O Centro Carter questiona os resultados do CNE por graves irregularidades e parcialidade no processo eleitoral.

Manifestación en Venezuela © Captura de imagen en YouTube
Manifestação na VenezuelaFoto © Captura de imagem no YouTube

O Centro Carter questionou a legitimidade das eleições presidenciais realizadas na Venezuela em 28 de julho e assegura que os comícios não cumpriram com os padrões internacionais de integridade eleitoral, o que impede que sejam considerados democráticos.

"O Centro Carter não pode verificar ou corroborar a autenticidade dos resultados da eleição presidencial declarados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. O fato de que a autoridade eleitoral não tenha anunciado resultados detalhados por mesa eleitoral constitui uma grave violação dos princípios eleitorais", disse a instituição em comunicado oficial publicado em 30 de julho.

Além disso, indicam que o processo eleitoral ocorreu em um ambiente de liberdades restritas, afetando atores políticos, organizações da sociedade civil e meios de comunicação.

A autoridade eleitoral, segundo o relatório, mostrou parcialidade a favor do governo, o que prejudicou as candidaturas da oposição.

Há também uma crítica à atualização do registro de eleitores, apontando numerosos inconvenientes como prazos curtos e escassos locais de inscrição, tanto dentro quanto fora do país. Esse problema resultou em uma baixa inscrição de novos eleitores, especialmente no exterior.

Em relação aos partidos e candidatos, o Centro Carter denuncia que a inscrição das principais forças de oposição esteve sujeita à discricionariedade das autoridades eleitorais, que adotaram decisões arbitrárias.

A campanha eleitoral também foi criticada por seu notável desequilíbrio a favor do governo. O relatório menciona o uso abusivo de recursos públicos e a preponderância da candidatura oficialista nos meios de comunicação, além da perseguição e intimidação àqueles que prestaram serviços à oposição.

O Centro Carter reconheceu a mobilização massiva e pacífica da cidadania venezuelana em 28 de julho. No entanto, lamenta que esses esforços tenham sido desmerecidos pela falta de transparência do CNE na divulgação dos resultados.

A organização anunciou que publicará um relatório final detalhando todas as descobertas de sua missão na Venezuela.

No domingo, os venezuelanos saíram para votar por uma mudança democrática para pôr fim a mais de duas décadas de ditadura chavista, mas Nicolás Maduro assegurou que ele é o vencedor. A líder oposicionista María Corina Machado desconheceu os resultados oficialistas e denunciou o governo pela manipulação das eleições.

Machado afirmou que o "novo presidente eleito" é o candidato do bloco Plataforma Unitaria Democrática (PUD), Edmundo González Urrutia. Ele também ressaltou que possuem as provas legais que demonstrarão as fraudes cometidas pelo governo de Nicolás Maduro para se perpetuar no poder.

O Centro Carter foi fundado em 1982 por Jimmy Carter e sua esposa Rosalynn. É uma organização sem fins lucrativos localizada em Atlanta, Georgia, e trabalha em parceria com a Universidade de Emory. Atualmente, é dirigido por John Moores.

Entre suas atividades, atua como observador eleitoral, mediador em crises internacionais e promotor de programas de saúde na América Latina e na África. O ex-presidente Carter recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2002 por seus esforços na resolução de conflitos e no desenvolvimento da democracia e dos direitos humanos.

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