"É vital assegurar a total transparência do processo eleitoral”: reações internacionais ao resultado na Venezuela

Este lunes 29 de julho de 2024, a autoridade eleitoral dominada por simpatizantes do chavismo, anunciou a reeleição de Maduro.

Nicolás Maduro © X/Nicolás Maduro Guerra
Nicolás MaduroFoto © X/Nicolás Maduro Guerra

A polêmica reeleição do governante venezuelano Nicolás Maduro continua gerando reações importantes dentro da comunidade internacional, na qual a maioria dos países desconhece os resultados ou se mostrou cautelosa ao expressar suas opiniões sobre as declarações do Conselho Eleitoral da nação sul-americana.

Este lunes, 29 de julho de 2024, a autoridade eleitoral dominada por simpatizantes do chavismo anunciou a reeleição de Maduro, um resultado que imediatamente desencadeou uma onda de protestos e rejeição por parte da oposição e de uma parte significativa da população.

Um dos primeiros foi o mandatário chileno Gabriel Boric, que através de sua conta no X disse que “o regime de Maduro deve entender que os resultados que publica são difíceis de acreditar”.

"A comunidade internacional e, sobretudo, o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exigimos total transparência das atas e do processo, e que observadores internacionais não comprometidos com o governo atestem a veracidade dos resultados", acrescentou.

Além disso, afirmou que o Chile não reconhecerá "nenhum resultado que não seja verificável".

Outro questionamento veio do Uruguai, quando o presidente Luis Lacalle Pou afirmou irregularidades no processo da eleição e na apuração, declarando que "claramente esteve viciado" e que "não se pode reconhecer uma vitória se não se confia na forma e nos mecanismos utilizados para alcançá-la".

O chanceler da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, pediu "a contagem total dos votos, sua verificação e auditoria de caráter independente".

Para o ministro das Relações Exteriores da nação cafeeira, todos "esperam que prevaleçam a transparência e as garantias eleitorais para todos os setores", e que é importante esclarecer qualquer dúvida sobre os resultados, o que implica "que os observadores e monitores internacionais apresentem suas conclusões sobre o processo", escreveu no X.

Desde Tóquio, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou “sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”.

Blinken acrescentou que "é fundamental que cada voto seja contado de maneira justa e transparente, que os funcionários eleitorais compartilhem imediatamente informações com a oposição e os observadores independentes sem demora, e que as autoridades eleitorais publiquem uma tabulação dos votos".

Enquanto o presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, indicou em um comunicado que as eleições eram "fraudulentas" e declarou que seu governo "repudia categoricamente a proclamação de Nicolás Maduro como presidente da República Bolivariana da Venezuela".

"Trabalharemos com os governos democráticos do continente e os organismos internacionais para garantir que se respeite a vontade sagrada do povo venezuelano", acrescentou Chaves.

Cauteloso se comportou o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que em uma conferência na manhã desta segunda-feira falou sobre esperar ter os resultados definitivos.

"Vamos esperar que terminem de contar os votos. Nós temos a informação de que o órgão eleitoral na Venezuela está dando a vitória ao presidente Maduro, isso é o que sabemos”, salientou AMLO.

Desde a presidência do Panamá, o mandatário José Raúl Mulino anunciou nesta segunda-feira a suspensão das relações diplomáticas com a Venezuela e a retirada de seu pessoal no país sul-americano.

Também houve reações da União Europeia. Seu Alto Representante para Assuntos Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell, afirmou que "o povo venezuelano votou sobre o futuro de seu país de maneira pacífica e maciça. Sua vontade deve ser respeitada", escreveu na rede social X.

Embora tenha ressaltado que "é vital garantir a total transparência do processo eleitoral, incluindo a contagem detalhada dos votos e o acesso às atas de votação das mesas eleitorais".

Outras reações de preocupação foram manifestadas desde o Brasil, Equador, Peru, Itália, Grã-Bretanha, Argentina, entre outros países.

Reações em favor da proclamada vitória de Maduro

No obstante, para o proclamado presidente da Venezuela, nem todas as mensagens foram de falta de reconhecimento. Seus aliados na região (Cuba, Bolívia, Nicarágua e Honduras), assim como Rússia, China, Catar e Irã, mostraram sua satisfação pelo suposto êxito do terceiro mandato de Maduro.

“Conversei com o irmão Nicolás Maduro para transmitir calorosas felicitações em nome do Partido, do Governo e do povo cubano pelo histórico triunfo eleitoral alcançado, após uma impressionante demonstração do povo venezuelano”, escreveu o governante cubano designado Miguel Díaz-Canel no X.

Enquanto a presidenta de Honduras, Xiomara Castro de Zelaya, enviava sua “especial felicitação e saudação Democrática, Socialista e Revolucionária ao Presidente Nicolás Maduro e ao valente povo da Venezuela pelo seu inobjetável triunfo, que reafirma sua soberania e o legado histórico do Comandante Hugo Chávez”.

O presidente russo, Vladimir Putin, destacou a "parceria estratégica" das relações russo-venezuelanas e apontou que confia que Maduro "continuará contribuindo para seu desenvolvimento progressivo em todas as áreas ... Lembre-se de que sempre será bem-vindo em solo russo", disse o mandatário russo, segundo o ministério das Relações Exteriores daquele país.

"A China está disposta a enriquecer nossa associação estratégica e beneficiar mais os povos de ambos os países", expressou, por sua vez, Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, em uma reunião informativa, informou a AFP.

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