Cubanos sob outras bandeiras em Paris 2024: Neisser Loyola quer uma medalha olímpica, assim como seu pai.

Este domingo, coincidentemente com seu aniversário de 26 anos, o esgrimista cubano Neisser Loyola faz sua estreia nas Olimpíadas de Paris representando a Bélgica.

Ele chegou ao país europeu com 16 anos, mas muito antes disso, ainda quando era apenas uma criança, pegava velhas antenas de televisão e as usava como espada com os amigos do bairro. Não era algo novo para ele, já que seu pai, Nelson Loyola Torriente, foi medalhista de bronze nessa disciplina por equipes nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000.

O jovem cienfueguero, um dos 21 atletas cubanos que competem sob outras bandeiras em Paris, teve uma breve mas intensa carreira em seu país natal.

"Fui campeão de Cuba três anos consecutivos e com 14 anos me quiseram subir para o time de adultos. No entanto, meu pai, que já era treinador da seleção nacional da Bélgica, não quis que eu subisse e finalmente realizou os trâmites de reunificação familiar para que fôssemos para lá com ele", relatou em uma entrevista.

Neisser se uniu à seleção belga quando seu pai obteve a nacionalidade, mas devido a regulamentos migratórios teve que esperar mais dois anos e não pôde participar de competições oficiais. Embora não tenha podido se juntar à equipe principal, jogou na categoria de cadetes. Graças a esforços da federação de esgrima, conseguiu se integrar ao Exército como atleta e então passou a ser profissional em tempo integral.

Em julho de 2022, foi pela primeira vez a um Campeonato Mundial e ganhou bronze. Segundo disse então o Le Dernière Heure, essa conquista não foi apenas importantíssima em sua carreira, mas algo histórico para a Bélgica, que desde 1951 não tinha medalhas nesses eventos.

Desde então, os triunfos não pararam e até agora ele foi campeão de espada em seu país quatro vezes. Ele conquistou a medalha de bronze no Campeonato Mundial de Esgrima de 2022 na prova individual e em 2023 levou a medalha de prata no Grand Prix de Doha, Catar.

Loyola vive em Arlon com sua esposa, Ksenia, e seu filho Teylor, nascido em 2020.

"Meu objetivo é ir às Olimpíadas e, se possível, ter uma medalha como meu pai. Ser campeão olímpico seria como tocar o céu, é o melhor resultado que um atleta pode ter. (…) Tenho os meios para ser um dos melhores do mundo e farei tudo o que estiver ao meu alcance para isso," assegurou à RTBF.