Carlos Acosta: "Há um êxodo tremendo de artistas e patrimônio cubano"

Havana, que era uma cidade de teatros, agora só tem dois. Os músicos da orquestra, essenciais para o balé, se foram. Sim, a situação social afeta o aspecto artístico.

Carlos Acosta © Carlos Acosta / Facebook
Carlos AcostaFoto © Carlos Acosta / Facebook

O bailarino e coreógrafo cubano Carlos Acosta lamentou o impacto da situação social do país no campo artístico, refletindo-se tanto na quantidade de artistas que partiram quanto no deterioramento das instalações culturais.

Carlos, who is in Barcelona to present the latest show of his company Acosta Danza, detailed how much things have changed for art in Cuba.

O teatro Alicia Alonso está fechado há mais de cinco anos. Havana, que costumava ser uma cidade de teatros, agora tem apenas dois. O teatro que tem 600 lugares não permite montar um grande balé com cenografia, não cabe, por isso só resta o Teatro Nacional. Então, todos disputam os espaços e nós, por exemplo, só podemos dançar uma vez por ano," disse ao La Vanguardia.

O festival de dança que costumava acontecer agora é apenas uma sombra, é realizado em apenas três teatros, um dos quais não é para dança. Sim, a situação social afeta o aspecto artístico.

O cubano apontou que a morte da bailarina Alicia Alonso, fundadora do Ballet Nacional de Cuba e uma figura muito próxima do regime, tem contribuído para a crise atual da dança cubana.

Existe um tremendo êxodo de artistas e patrimônio cubano. Não há teatros. Os músicos da orquestra, essenciais para o ballet, partiram. Alicia era a primeira-dama de Cuba, havia muito interesse em preservar seu legado, mas obviamente quando o líder não está, tudo sofre - sublinhou.

Aos 51 anos e sendo diretor artístico do Birmingham Royal Ballet, ele rejeita a ideia de dirigir o Ballet Nacional de Cuba se fosse proposto a ele. "Quero concentrar-me na Acosta Danza, que é o que vou deixar para trás. E quero alcançar alianças para que quando eu me for, ainda esteja presente, com uma estrutura e uma entidade que a governem. Isso já requer muito trabalho".

O cubano fundou a sua empresa há quase uma década em Cuba para retribuir à sua pátria a formação que recebeu na infância e adolescência.

Com 18 bailarinos, o projeto continua a resistir às dificuldades e escassez da Ilha e conta atualmente com uma academia de três cursos de dez alunos em cada um, e uma companhia júnior na qual jovens talentos se preparam para a vida profissional.

"Não estamos apenas encarregados de cultivá-los como artistas, mas também como seres humanos. Muitos vêm até de um ambiente muito pobre, às vezes nunca tinham estado antes na capital. Nós os educamos por três anos, fornecemos sapatilhas, treinamos em balé e contemporâneo, e então eles passam para a companhia após passarem por algumas provas. E se não forem aprovados, nos encarregamos de abrir caminho para outras companhias", explicou.

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