Pelo menos 56 pessoas morreram sob custódia em Cuba nos últimos dois anos.

Entre janeiro de 2022 e janeiro de 2024, a Cubalex identificou 36 reclusos falecidos em prisões cubanas, 9 pessoas que perderam a vida em estações de polícia e 11 recrutas do Serviço Militar.


A organização não governamental Cubalex, dedicada ao monitoramento do respeito aos direitos humanos em Cuba e que oferece assistência jurídica gratuita na Ilha, detectou nos últimos dois anos 56 mortes de pessoas que estavam sob custódia das autoridades do país. A violência é a principal causa de morte nestes casos.

Num relatório compartilhado na rede social X (anteriormente Twitter), Cubalex explica que entre janeiro de 2022 e janeiro de 2024 (os únicos registros disponíveis), identificaram 36 prisioneiros falecidos enquanto cumpriam penas, 9 mortos em estações de polícia e 11 recrutas que perderam a vida enquanto cumpriam o Serviço Militar. Apenas se tem conhecimento de que uma das pessoas falecidas era um preso político detido em 11 de julho (Luis Barrios Díaz). Estes dados foram recolhidos a partir de testemunhos de familiares, informações da imprensa e declarações de organizações dedicadas à defesa dos direitos humanos na ilha.

A maioria dos falecidos são homens, com uma média de 32 anos, e no caso dos presos são considerados "presos comuns". Do total de falecidos (56), sete eram afrodescendentes e 15 estavam com a saúde muito debilitada no momento da morte. Em nenhum caso houve condenação de funcionários do regime e os corpos não apresentavam sinais de violência.

O suicídio, de acordo com o relatório da Cubalex, é a segunda causa de morte entre os detentos, embora também tenham sido registrados casos entre jovens que estavam cumprindo o Serviço Militar. O último caso divulgado foi o de Leandro Muñoz Zamora, que se atirou de um ônibus militar que o transportava longe de sua família, apesar de ter um relatório psicológico que indicava que ele sofria de uma doença mental.

Ao falar de jovens falecidos no Serviço Militar, a Cubalex responsabiliza diretamente o Estado, considerando que "criou as condições" para que as mortes ocorressem. Entre elas, menciona não fornecer assistência médica adequada ou expor os jovens a condições perigosas sem as medidas de segurança necessárias ou sem a formação adequada para lidar com situações específicas.

Segundo explicado, eles também identificaram entre as principais causas de morte sob custódia a recusa de atendimento médico, violência, suicídios, uso de medidas disciplinares, greves de fome, acidentes de trabalho, concessão de licenças extrapenais para evitar mortes na prisão e negligência das autoridades.

Os casos analisados demonstram um padrão de negligência, abuso e falta de responsabilidade do Estado cubano", afirma o Cubalex, que destaca que também revelam "um padrão sistemático de violações aos direitos humanos das pessoas sob custódia estatal, agravado pela falta de investigações adequadas, independentes e transparentes que garantam impunidade aos responsáveis".

As regiões do país que concentram o maior número de mortes sob custódia são Camagüey (7) e Santiago de Cuba (6). No entanto, o estudo adverte que "as mortes sob custódia têm ocorrido em quase todo o território cubano, afetando indivíduos de diferentes faixas etárias e condições sociais. Isso sugere um problema sistêmico e generalizado que requer atenção urgente".

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Tânia Costa

(La Habana, 1973) vive em Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Múrcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).


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