O poeta cubano Alexis Díaz-Pimienta pronuncia-se em defesa do reggaeton.

O conhecido repentista cubano deu uma palestra no projeto internacional da BBVA, "Aprendemos Juntos 2030".


O renomado escritor, poeta e repentista cubano Alexis Díaz-Pimienta defendeu o reggaeton e solicitou uma maior colaboração com os artistas do gênero, pois acredita que isso poderia melhorar a qualidade das letras.

Díaz-Pimienta é provavelmente o único cubano que participou no projeto internacional "Aprendemos Juntos 2030", promovido pelo Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, S. A. (BBVA). Na palestra, mostrou suas habilidades de improvisação e compartilhou várias técnicas para o desenvolvimento da linguagem e da criatividade.

No entanto, um dos temas que mais chamou a atenção da audiência foi a sua defesa do reggaeton. Este género é muito polêmico pelas letras que utiliza, que costumam ser rotuladas como grosseiras, machistas e misóginas.

É um fenômeno social e não podemos ignorar. É um ritmo que ativa os gânglios da base, uma parte do cérebro diretamente ligada ao prazer e ao movimento, por isso é dançado em todo o mundo - comentou.

Fez um paralelo com poetas de outras épocas que abordam temas de sexo ou escatológicos em suas criações, e são estudados nas universidades sem que ninguém se envergonhe.

"Não quero fazer uma defesa do que aconteceu no fenômeno do reggaeton em termos de letras, mas sim um convite para que, se discordamos, não nos conformamos, nem nos satisfaz, aproveitemos que é um ritmo que chega a tantos milhões de jovens e que eles continuarão dançando, e mudemos o panorama linguístico", disse.

O escritor explicou que, ao observar os gostos musicais de seus alunos em um curso de "Improvisação poética", entendeu a necessidade de oferecer uma abordagem diferenciada ao gênero urbano, às letras de músicas, e decidiu criar um programa de estudo sobre "Reggaeton inteligente".

"É uma música que gera uma energia corporal incontornável. É um gênero que teve uma evolução muito curiosa, desde a censura no rádio até as proibições de dançá-lo", disse ele, destacando que, apesar dos desafios, nenhum meio de comunicação ou governo conseguiu parar o reggaeton.

Díaz-Pimienta pediu aos escritores, produtores e músicos, maior responsabilidade na criação de canções e abertura de horizontes para impulsionar o trabalho com artistas do gênero urbano e pop latino em um sentido mais amplo.

"Não deixemos o espaço vazio, colaboremos para que haja melhores letras no gênero", disse o poeta e lembrou que a misoginia, o machismo e a vulgaridade estão presentes em muitos gêneros musicais, e não apenas no reggaeton.

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