APP GRATIS

O governo cubano aprovou um plano para remover mendigos das ruas.

A realidade econômica e social de Cuba aponta para um aumento de pessoas desprotegidas, e as expectativas de melhoria estão desaparecendo, mesmo que o regime indique o contrário.

Mendigo en Cuba © CiberCuba
Morador de rua em Cuba.Foto © CiberCuba

Inflação e escassez de produtos básicos são ingredientes essenciais no aumento da mendicidade em Cuba, um fato que o regime planeja reverter com seu (enésimo) plano para atender "pessoas sem-teto".

Nas ruas onde circulam doentes mentais, idosos, pessoas com deficiência e alcoólatras, o fenômeno é uma realidade que o governo de Miguel Díaz-Canel não pode esconder, e por isso, o Conselho de Ministros aprovou em maio passado a atualização da política para o seu atendimento, após 10 anos de instituída.

A norma renovada ratifica a "responsabilidade dos Conselhos da Administração Municipal na prevenção, atenção, controle, acompanhamento e tomada de decisões" em relação às pessoas que apresentem "comportamento vagabundo", explicou a ministra do Trabalho e da Segurança Social, Marta Elena Feitó Cabrera.

Entre as ações previstas destaca-se a criação este ano de um Centro de Proteção Social em Las Tunas, o qual se somará aos já estabelecidos em Pinar del Río, La Habana, Matanzas, Villa Clara, Ciego de Ávila, Camagüey, Holguín, Granma e Santiago de Cuba.

De acordo com Feitó, neste tipo de instituições, as pessoas com "conduta ambulante" são avaliadas clinicamente e atendidas por equipes multidisciplinares, capacitadas para tratar o que ele denominou como um "transtorno do comportamento humano multicausal, que constitui um modo de vida caracterizado por instabilidade e insegurança do lugar de permanência, falta de autocuidado e autonomia econômica, bem como de um projeto de vida favorável", e no qual "habitualmente se evidencia a transgressão das normas de convivência e de disciplina social".

A funcionária do governo revelou que nos centros de proteção social mencionados, mais de 3.700 pessoas são atendidas. Dentre elas, "87% são homens; 50% têm entre 41 e 59 anos; 30% são pessoas com deficiência; 24% têm algum transtorno psiquiátrico; 30% têm altos padrões de consumo de bebidas alcoólicas; e 38% são menores de 60 anos sem residência para retornar", de acordo com os dados citados pela ministra.

Anteriormente, cifras do Ministério do Trabalho e Segurança Social publicadas pela revista Trabajadores indicavam que entre 2014 e 2023 foram registrados 3.690 indivíduos nessas condições; no entanto, a realidade econômica e social da ilha aponta para um aumento além das estatísticas oficiais, pois não inclui aqueles que, por diferentes razões, recorreram à mendicidade nas igrejas, diante dos turistas ou buscam no lixo seu sustento.

Com a política atualizada, propõe-se desenhar o protocolo de atuação para a detecção, informação e transporte de pessoas "vagantes", bem como a avaliação dos territórios onde não existem centros para atendê-las, com o objetivo de expandir a rede.

Da mesma forma, a regulamentação estabelece o encaminhamento dos menores de idade que forem encontrados vagando para o centro educacional ou de saúde mais próximo, a fim de certificar seu estado de saúde, fornecer os serviços necessários e informar as autoridades. Enquanto isso, os governos provinciais devem facilitar o acesso à reabilitação, ofertas de emprego, cursos de treinamento, subsídios, moradia e instalações temporárias para aqueles menores de 60 anos sem domicílio.

O vice-primeiro-ministro Jorge Luis Perdomo Di Lella disse que o processo de recolha das pessoas com esses comportamentos deveria ser realizado com "integralidade", uma vez que os centros de proteção social destinam-se a atendê-los, não a tê-los em regime penitenciário provisório.

O objetivo fundamental é reinseri-los com suas famílias, "exigir a responsabilidade familiar que muitas vezes se perde", embora tenha reconhecido que "existem pessoas que estão sozinhas e são responsabilidade do Estado, para isso existem as instituições estabelecidas".

Talvez, esta atualização de uma política que está em vigor há uma década sem resultados encorajadores, possa desenhar o panorama que Cuba apresenta atualmente, colocando-a no ranking internacional como o país mais pobre da América Latina, de acordo com o observatório DatoWorld.

E as expectativas de melhoria desvanecem ao considerar o baixo poder de compra, a emigração, o envelhecimento, a escassez de alimentos e medicamentos, bem como as medidas implementadas pelo governo central que prejudicam o bem-estar de sua população.

O que você acha?

Comentar

Arquivado em:


Tem algo para reportar? Escreva para o CiberCuba:

editores@cibercuba.com +1 786 3965 689