O Ministério da Saúde Pública (MINSAP) de Cuba confirmou nesta segunda-feira a presença na província de Santiago de Cuba de casos de febre de Oropouche, uma doença viral transmitida por mosquitos e moscas.
A nota oficial divulgada pelo MINSAP indicou que, após "ações de acompanhamento e vigilância dos síndromes febris inespecíficos na província de Santiago de Cuba, foi identificada a presença do vírus Oropouche em duas áreas de Saúde dos municípios de Santiago de Cuba (Ernesto Guevara) e Songo La Maya (Carlos J. Finlay), a partir de amostras estudadas no laboratório nacional de referência do Instituto Pedro Kourí (IPK)".
O Ministério da Saúde diz que "todos os casos evoluíram de forma favorável, com melhoria dos sintomas entre o terceiro e quarto dia do início da doença".
A fonte oficial acrescentou que o quadro clínico que se manifesta como consequência da doença é "leve, precedido por um período de incubação de 5 a 7 dias, caracterizado por febre, dores de cabeça, musculares e nas articulações. Em algumas ocasiões, também são relatados vômitos e diarreia."
A nota diz que não foram relatados casos graves, críticos ou fatais associados ao vírus e que "não há um tratamento específico", apenas medidas gerais para aliviar os sintomas.
A principal entidade de saúde cubana afirmou - embora sem fornecer detalhes - que "estão sendo realizadas ações entomoepidemiológicas para interromper a cadeia de transmissão e alcançar o controle da doença no menor tempo possível".
O doutor Francisco Durán García, Diretor Nacional de Epidemiologia do MINSAP, comparecerá em minutos no noticiário do Meio-Dia, para explicar questões relacionadas com o vírus Oropouche, identificado em duas áreas de saúde de Santiago de Cuba (povoado de Boniato e Songo la Maya) e recentemente em várias comunidades de Cienfuegos. Trata-se de um vírus leve, transmitido por um tipo de mosquito-pólvora, cuja sintomatologia ocorre num prazo de 4 a 7 dias. Na região ou em Cuba, não foram reportados casos graves ou mortes.
O OROV é transmitido aos seres humanos principalmente através da picada do mosquito Culicoides paraensis, que está presente na Região das Américas. No entanto, também pode ser transmitido pelo mosquito Culex quinquefasciatus.
Segundo informações divulgadas em 23 de maio pelo site oficialista Infomed, nos últimos meses foram detectados casos de febre de Oropouche em áreas fora da região amazônica do Brasil.
Por esse motivo, "além da alta circulação de dengue relatada em vários países e territórios da Região das Américas", a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) instaram os Estados Membros a seguir as recomendações para o diagnóstico diferencial do vírus Oropouche (OROV) e a reforçar as medidas de vigilância entomológica, controle de vetores e proteção pessoal para a população em maior risco.
O que diz a Organização Pan-Americana da Saúde sobre a febre de Oropouche?
A OPAS indica que após um período de incubação de 5 a 7 dias, os pacientes experimentam febre alta, dor de cabeça com intolerância à luz, mialgias, artralgias e, em alguns casos, exantemas. Em certos pacientes, os sintomas podem incluir vômitos e hemorragias, manifestando-se na forma de petéquias, epistaxe e sangramento gengival. Geralmente, a infecção se resolve em um período de 2 a 3 semanas.
Embora o MINSAP não tenha detalhado, a OPS adverte que "em situações excepcionais, o OROV pode causar meningite ou encefalite".
Nesses casos, os pacientes apresentam sintomas e sinais neurológicos como tontura, letargia, nistagmo e rigidez do pescoço. O vírus pode ser detectado no líquido cefalorraquidiano (LCR).
Atualmente, não há vacinas nem medicamentos antivirais específicos disponíveis para prevenir ou tratar a infecção por OROV.
O foco do tratamento é paliativo, ou seja, centrado em aliviar a dor, reidratar o paciente e controlar qualquer vômito que possa ocorrer. Em situações em que a doença se manifeste de forma neuroinvasiva, será necessário o internamento do paciente em unidades especializadas que permitam monitorização constante.
Identificação de casos em Santiago de Cuba.
Este fim de semana, o Ministério da Saúde Pública ainda não havia identificado o novo vírus que está afetando a população de Santiago de Cuba, embora tenham admitido que os primeiros casos estavam sendo analisados no Instituto de Medicina Tropical Pedro Kourí.
Em uma aparição na Televisão Provincial, o Dr. Luis E. Rondón, chefe de pediatria em Santiago de Cuba, pediu aos pais que não deixem as crianças com sintomas em casa e que busquem assistência médica, especialmente no caso de bebês com menos de um ano.
Ele apontou que até o momento alguns casos exigiram hospitalização seguindo os protocolos médicos, mas não houve relato de perdas de vidas humanas.
A Dra. Tania Carbonell, vice-diretora de Saúde no Hospital Saturnino Lora em Santiago, enfatizou que não foram registrados casos graves. No entanto, alertava sobre sinais de alarme nessa doença, que incluem febre persistente, dores intensas, sangramento, vômito e alterações no estado mental.
A doutora também alertou sobre a importância de não usar aspirina ou medicamentos anti-inflamatórios, pois poderiam promover processos de sangramento.
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