A ministra do Comércio Interno (MINCIN), Betsy Díaz Velázquez, visitou uma bodega no município de San Antonio de los Baños, em Artemisa, onde havia abundância de ovos e leite em pó.
O fato torna-se uma notícia de destaque nos dias de hoje, em que a população cubana está enfrentando a maior escassez de alimentos de sua história, devido à lenta extinção do racionamento estatal e do cartão de abastecimento, e a um aumento no risco de insegurança alimentar que continua sem chamar a atenção dos organismos internacionais.
Além de caixas de ovos e pacotes de leite em pó, o armazém visitado pela ministra em San Antonio de los Baños, cujo nome não foi mencionado, tinha uma variedade de produtos regulamentados que os cubanos costumam sentir falta mês após mês, que recebem com atraso, ou que não recebem e ficam "pendentes" até novo aviso.
Entre os produtos normatizados, havia arroz importado (7 pesos a libra), açúcar (5), café (11), ervilhas (5), compota (0,30) e até um quilo de "arroz grátis", possivelmente de doações recebidas. Também havia produtos de higiene e outras placas ilegíveis, cheias de anotações.
Cabe destacar da visita o fato incomum de não haver ninguém fazendo fila com tantos produtos deficitários à venda. A ministra também visitou uma cantina popular, da qual apenas foram publicadas fotos das mesas postas, com os pratos vazios e nenhum único comensal.
San Antonio de los Baños, epicentro das históricas manifestações de 11 de julho de 2021 (11J), parece estar em dia na entrega da escassa cesta básica de alimentos subsidiada e distribuída pelo Estado através da caderneta de abastecimento.
No entanto, com base em experiências anteriores e conhecendo o funcionamento da maquinaria propagandística do regime cubano, há motivos para suspeitar que a bodega visitada por Díaz Velázquez foi abastecida de propósito.
A visita da ministra teve como objetivo "verificar o cumprimento das ações que estão sendo realizadas na província de Artemisa em relação à Prestação de Contas do órgão perante a Assembleia Nacional de Cuba", de acordo com a conta do MINCIN no Facebook.
Não se trata de um objetivo menor, tendo em consideração o tenso confronto que Díaz Velázquez teve em dezembro passado com o presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular (ANPP), Esteban Lazo Hernández, que expressou o seu "mandato de atender a uma questão tão sensível como a gastronomia popular para as pessoas de baixos rendimentos" com palavras enérgicas.
Reunidos na Comissão de Atendimento aos Serviços, que se reunia antes do Segundo Período Ordinário de Sessões da X Legislatura, Lazo Hernández usou um tom enérgico de reprovação ao relatório apresentado pela titular do MINCIN.
Eu estou me referindo um pouco à sensibilidade, para que as ideias do capitalismo não nos engulam, garota! É isso que estou dizendo, para não sermos engolidas! Que aqui, para que as coisas funcionem bem, elas têm que ser privadas!", disse Lazo à ministra, que manteve o olhar concentrado e desafiador.
Com o pacote de 30 ovos a um preço de 3,500 pesos e o litro de leite acima de 2,000 pesos, a ministra Díaz Velázquez comparecerá para prestar contas perante a ANPP mostrando os resultados de visitas como a desta quinta-feira a San Antonio de los Baños.
Há alimentos nos armazéns, há refeitórios sociais, os navios já estão fluindo pelo Canal do Panamá carregados de arroz para Cuba e a primavera está chegando aos rios congelados do Canadá, de onde é transportada a ervilha que os cubanos consomem. O que acontece é que "o bloqueio" continua.
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