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Ulises Toirac: "There are days when I wake up ready to leave"

O ator detalhou o dilema que enfrenta. Por um lado, em Cuba artisticamente não tenho mais nada a fazer; por outro, começar em qualquer lugar aos 60 anos é um desafio épico.

  • Redação do CiberCuba

Ulises Toirac © Ulises Toirac / Facebook
Ulises ToiracFoto © Ulises Toirac / Facebook

O humorista cubano Ulises Toirac revelou que há dias em que acorda e está disposto a sair do país e, por outro lado, em outros continua obstinado em ficar.

Em uma entrevista com o Observatório de Direitos Culturais, na qual falou sobre os obstáculos que foram impostos ao seu trabalho em Cuba e a censura que ele enfrenta agora, o ator detalhou as duas questões que considera em sua decisão de emigrar ou não. Por um lado, em seu país "artisticamente não me resta nada a fazer", e por outro, "começar em qualquer lugar aos 60 anos é um desafio épico".

Ulises referiu-se à proibição não escrita de se apresentar em espetáculos teatrais, e explicou que não sabe quem está agindo como comissário porque não viu o veto "cunhado e assinado".

Um só vê uma negativa atrás da outra e um silêncio sepulcral quando o modus operandi é tornado público. É um mecanismo maquiavélico, e é quando se explica o desejo do Estado de monopolizar os locais de opinião: desde jornais e estações de rádio, até palcos.

Ele também roteirista mencionou a antiga prática do regime de, quando um artista "problemático" dá um concerto, encher o teatro com trabalhadores de órgãos e vender menos ingressos para o público, algo que em sua opinião é uma "ferramenta de intimidação contra os artistas".

Tanto no Acapulco quanto no teatro Mella ou no Karl Marx, tenho visto o mecanismo. Zonas completas dos balcões destinadas a organismos, cheias de indivíduos "prontos para repelir manifestações contrárias". Algumas vezes eu saudei esses espectadores do palco", lembrou.

Em certa ocasião, tive que ameaçar suspender uma reunião na sala de vídeo de Acapulco, porque sem ter entrado público da fila, a sala já estava com 50% dos integrantes das Brigadas de Resposta Rápida. Aquilo estava esquentando. E o artista no palco sente isso", acrescentou.

Ulises apontou que para haver uma relação saudável entre o Estado e a cultura é indispensável que os criadores tenham liberdade de expressão, tanto do ponto de vista formal quanto do conceitual.

Não deve haver leis específicas para os artistas. As da sociedade deveriam ser suficientes - acrescentou.

Por último, reiterou sua visão de que um diálogo entre artistas e autoridades é possível.

O problema é que os termos desse diálogo mudam. Está na inteligência, na capacidade de sobrevivência e na consciência do que implica o fim do diálogo", enfatizou.

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