Médico cubano denuncia prática ilegal de abortos em Havana

O diretor do Hospital Materno Hijas de Galicia em Havana alertou sobre um aumento significativo no número de mulheres que recorrem ao aborto ilegal fora dos centros de assistência.

Hospital materno en Cuba (imagen de referencia) © Captura de Youtube/@diariodecubavideos
Hospital materno em Cuba (imagem de referência)Foto © Captura do Youtube/@diariodecubavideos

A direção do Hospital Universitário Ginecológico e Obstétrico Diez de Octubre, conhecido como Hijas de Galicia, em Havana, alertou sobre a chegada de quatro mulheres em estado de choque ao pronto-socorro do centro médico nos últimos 10 dias, como consequência de abortos realizados ilegalmente.

Algumas pessoas estão utilizando de forma ilícita o misoprostol, uma prostaglandina indicada para o aborto farmacológico, cujo uso é recomendado exclusivamente em ambiente hospitalar, denunciou no Facebook o doutor Ernesto Cordoví, diretor do hospital.

Captura do Facebook/Ernesto Cordoví

As prostaglandinas, como o misoprostol, são fármacos utilizados para induzir as contrações uterinas e provocar a expulsão do conteúdo do útero, resultando na interrupção da gravidez.

Em um contexto de escassez de insumos e especialistas, onde algumas famílias recorrem a subornos para interromper a gestação, o médico questionou as pessoas que recorrem à prática ilegal do aborto, perguntando: "Por que compram isso ilegalmente se existem serviços de aborto na cidade disponíveis? Por que algumas mulheres permitem a cobrança de serviços e não denunciam?".

Cordoví reiterou que essa prática ilegal coloca em risco a vida das mulheres, ao mesmo tempo em que destacou que ter acesso a esse serviço é um direito em Cuba.

O médico qualificou como inescrupulosos aqueles que promovem abortos ilegais fora dos hospitais, argumentando que "exploram a saúde do povo".

Da mesma forma, insistiu que as mulheres "procurem as consultas de interrupção da gravidez nos hospitais" e, diante de qualquer problema, "bata à porta do diretor".

CiberCuba conversou com um médico cubano, especialista em cuidados intensivos, que, a partir do anonimato, explicou que o uso de prostaglandinas, como o misoprostol, é uma das práticas mais seguras e comuns para interromper uma gravidez, "mas sempre sob a supervisão e assistência de um especialista".

No entanto, também esclareceu que, como todo medicamento, apresenta riscos, e neste caso mencionou o "choque hipovolêmico", do qual disse ser uma "complicação com risco de vida e que geralmente ocorre devido ao aborto incompleto, à retenção de restos ovulares no útero e à hemorragia severa, que, se não for corrigida imediatamente, pode colocar a vida dessas pacientes em perigo."

O panorama em Cuba é caracterizado pelo agravamento da crise econômica, que se reflete na escassez de medicamentos e insumos na rede de farmácias. Atualmente, os comprimidos anticoncepcionais e os preservativos são mais comercializados no mercado informal.

Nesse contexto, não é fácil acessar o serviço de interrupção de gravidezes, que também é marcado pela falta de insumos e especialistas em Ginecologia e Obstetrícia.

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