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Uma enfermeira cubana que está vivendo no Chile relatou sua jornada até lá, uma perigosa travessia por cinco países que incluiu a travessia do extenso deserto chileno.
Francisca, de 33 anos, contou à DW que decidiu emigra após cumprir uma missão internacionalista na Venezuela. Ao voltar a Cuba e sofrer na pele a exploração do pessoal de saúde com o pouco salário que recebeu, ficou convencida de que em seu país não havia futuro.
"Consideramos ir para o Chile porque meu marido tinha uma família aqui que poderia nos ajudar e orientar nos primeiros meses. Eu planejava revalidar meu diploma e adquirir um status legal", revelou.
Francisca detalhou que sair da Venezuela foi muito difícil devido à presença de policiais, e que sentiu muito medo. O trajeto até a Colômbia é complicado; ela teve que atravessar um rio e evitar guardas que se dedicam a extorquir os viajantes.
"Fiz paradas na Colômbia, Equador, Peru e depois na Bolívia, um trajeto muito perigoso, subindo montanhas. Além disso, é preciso atravessar um rio de canoa. Em seguida, você tem que cruzar todo o deserto do Chile, que é bastante extenso, com muito sol, muito cansaço, e o medo da polícia...", relatou.
A enfermeira confessou que duvidou muitas vezes, mas enfatizou que, uma vez tomada essa decisão, não há como voltar atrás. Apesar de todos os riscos e medos, felizmente ela não teve nenhum problema.
Após um tempo no Chile, onde seu filho nasceu, a cubana afirma que não pretende ficar lá definitivamente, mesmo sabendo que não poderá retornar à sua pátria por oito anos.
"Este país não é o que eu esperava. Tem muitas coisas boas, claro, mas há outras às quais não me adapto. É uma questão pessoal minha", esclareceu.
Um dos principais obstáculos que ele encontrou é que não lhe é permitido regularizar sua situação.
"Quero estar em um lugar onde possa revalidar meu diploma, onde possa trabalhar no que sei fazer, abrindo meu caminho na sociedade", afirmou.
O êxodo migratório de cubanos tem encontrado destinos nos países do sul e centro da América. Alguns desses locais têm servido como trânsito para chegar aos Estados Unidos, enquanto em outros, não são poucos os migrantes que decidem iniciar uma nova vida.
Em junho, o cadáver de um cubano de cerca de 60 anos foi encontrado na fronteira entre o Chile e a Bolívia, exatamente na comuna de Colchane. A descoberta ocorreu por volta das 8h30, a poucos metros da fronteira com a Bolívia.
O viajante de nacionalidade cubana, que aparentemente tentava cruzar a fronteira, foi declarado morto por profissionais de saúde, após receber o aviso dos Carabineros do Chile.
As autoridades não divulgaram o nome da vítima e informaram que as causas do falecimento estão sendo investigadas.
Perguntas frequentes sobre a emigração de profissionais cubanos e suas experiências
Por que a enfermeira cubana Francisca decidiu emigrar?
Francisca decidiu emigrar de Cuba depois de se sentir explorada economicamente após uma missão na Venezuela, onde percebeu que não havia futuro para ela em seu país. Buscou um melhor status legal e profissional no Chile, onde esperava revalidar seu diploma e trabalhar em sua área como enfermeira.
Quais foram os principais desafios que Francisca enfrentou em sua travessia para o Chile?
Francisca enfrentou uma travessia perigosa e desafiadora por cinco países, incluindo a travessia do extenso deserto chileno. Enfrentou dificuldades como extorsão por parte de guardas, cruzamentos de rios perigosos e o risco constante de ser detida por policiais. Apesar dos medos e dúvidas, conseguiu chegar ao Chile sem maiores problemas.
Quais obstáculos Francisca enfrenta para legalizar seu status no Chile?
Um dos principais obstáculos que Francisca enfrenta é a impossibilidade de regularizar sua situação migratória, o que a impede de revalidar seu diploma de enfermeira e trabalhar legalmente em sua profissão. Isso a levou a reconsiderar sua permanência no Chile.
Por que muitos profissionais de saúde cubanos decidem deixar seu país?
Muitos profissionais de saúde cubanos abandonam seu país devido à falta de condições de trabalho dignas, salários insuficientes e escassez de recursos para desempenhar suas funções. O regime cubano criou um ambiente insustentável para esses profissionais, o que os leva a buscar melhores oportunidades no exterior, apesar das restrições migratórias impostas pelo governo.
Qual é o impacto da regulação migratória cubana nos profissionais de saúde?
A regulamentação migratória cubana impõe restrições severas aos profissionais de saúde, especialmente àqueles que desertam de missões internacionais. Esses profissionais enfrentam uma proibição de retornar ao país por vários anos, o que implica abrir mão de sua família e da vida em Cuba, uma decisão que muitos se veem obrigados a tomar diante da desesperadora situação econômica e profissional na ilha.
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