Identificados quatro municípios de Havana com alta concentração de narcotráfico e dependência química

O Minint detecta altos níveis de consumo e venda em La Lisa, Marianao, San Miguel del Padrón e Arroyo Naranjo. Em La Güinera (Arroyo) e El Palenque (La Lisa), a adição escalou de nível, passando de cannabinoides sintéticos (El Químico) para as metanfetaminas.


Marianao, La Lisa, Arroyo Naranjo e San Miguel del Padrón são os municípios mais problemáticos em relação ao tráfico e consumo de drogas em Havana. Assim explicou nesta sexta-feira o Ministério do Interior (Minint) no programa 'Hacemos Cuba', do porta-voz do regime Humberto López.

"Ali se concentram as bases de tráfico. Há uma cultura de consumo. Ali estão os principais traficantes e consumidores de drogas", explicou o coronel Juan Carlos Poey, chefe do órgão especializado em combate ao tráfico de drogas.

Além disso, foi especificado que nos bairros de La Güinera (Arroyo) e El Palenque (La Lisa) já foi detectado o consumo de metanfetaminas, o que significa que a drogadição alcançou um novo patamar, passando dos canabinoides sintéticos (El Químico) para as metanfetaminas (comprimidos, pós ou cristais psicoestimulantes). Isso se deve ao fato de que a dependência exige doses cada vez maiores e que estas sejam cada vez mais potentes.

O Minint responsabiliza por este aumento do narcotráfico e da drogadição um "grupo de cubanos" que está tentando fomentar um mercado com as metanfetaminas, dada a sua alta rentabilidade: de um grama, obtêm-se de 12 a 18 fragmentos, que são vendidos entre 1.000 e 1.500 pesos. No entanto, o mais rentável continua sendo o El Químico, pois uma folha tamanho carta impregnada com canabinoide sintético é dividida em 1.200 doses, e cada uma delas é comercializada por 120 pesos.

Por trás desse aumento do narcotráfico em Cuba, estariam 23 cubanos circulando com difusão em vermelho na base de dados da Interpol. A maioria deles reside nos Estados Unidos e não foi devolvida à Ilha provavelmente devido à falta de credibilidade do regime, que costuma usar alertas antiterroristas ou de narcotráfico para sinalizar opositores ao Partido Comunista.

Desde o Minint explicam que historicamente chegou maconha a Cuba, mas nos últimos tempos o país tem sido afetado pela superprodução de cocaína registrada em países do Sul. Por isso, agora a cocaína entra na Ilha e 90% do que é introduzido é convertido em crack.

A cocaína é introduzida no país, principalmente por estrangeiros, que a transportam dentro do corpo. Em muitos casos, são detectados no aeroporto José Martí, em Havana, onde trabalham antecipadamente à chegada de um voo na identificação dos passageiros que se encaixam no perfil mais comum de um traficante, com base na nacionalidade e na faixa etária, explicou o coronel Roberto Aguilera Puig, chefe da unidade de Fronteira da Direção de Identificação, Imigração e Estrangeiros.

No mesmo aeroporto, também foram detectadas a entrada de eletrodomésticos cujas folhas de instruções estão impregnadas com El Químico ou droga oculta em latas de conservas. Estas últimas são identificadas, embora estejam seladas, pela variação de peso.

À pergunta do porta-voz Humberto López sobre por que, se se sabe onde a droga é vendida e consumida e como entra no país, o narcotráfico e a drogadicção continuam a proliferação em Cuba, o responsável pelo combate às drogas hesitou antes de apontar a criatividade dos traficantes que desembarcam na Ilha com drogas e saem carregados de pessoas.

A estratégia "cubana" baseia-se em "conseguir um equilíbrio entre a prevenção e o enfrentamento", embora o responsável pelo Minint não tenha informado se haverá mudanças, pois é evidente que não está funcionando.

Em qualquer caso, o regime tem apelado à colaboração cidadã para lutar contra o narcotráfico. De fato, Humberto López tem incentivado os moradores que perceberem a venda de drogas em seu bairro a denunciá-la e, se o caso ocorrer a nível familiar, a buscar ajuda.

Entre 2023 e 2024, 2,6 toneladas de drogas que tinham como destino os Estados Unidos desembarcaram nas costas cubanas.

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Tania Costa

(La Habana, 1973) vive na Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e a FaroTV Melilla. Foi chefe da edição murciana do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vicepresidência do Governo da região de Murcia (Espanha).