Grupo Barceló nega a escassez de alimentos em Cuba e publica imagens de sua oferta gastronômica para demonstrá-lo

O Grupo Barceló nega a escassez de alimentos em Cuba com imagens do seu buffet em Varadero, apesar das reclamações de turistas canadenses sobre a má qualidade da comida e o deterioramento das instalações.

Mesa bufé en el resort de Varadero Barceló Solymar - Occidental Arenas Blancas © Facebook / Barceló Solymar — Occidental Arenas Blancas
Mesa de bufê no resort Varadero Barceló Solymar - Occidental Arenas Blancas.Foto © Facebook / Barceló Solymar — Occidental Arenas Blancas

A multinacional hoteleira espanhola Barceló negou que exista escassez de alimentos em Cuba e, para comprovar, publicou imagens de sua oferta gastronômica no restaurante do resort Solymar em Varadero.

“Escassez em Cuba? Não neste momento,” disse um participante anônimo no grupo do Facebook Barceló Solymar - Occidental Arenas Blancas, criado por Alejandro Florat, gerente de comunidade do Grupo Barceló na Ilha.

Captura de tela Facebook / Barceló Solymar — Occidental Arenas Blancas

Sua publicação, negando o que constitui uma evidência reconhecida até mesmo pelo próprio regime cubano e por organismos internacionais como a ONU, compartilhou fotografias da bem variada oferta gastronômica de seu hotel em Varadero.

A julgar pelas imagens, a mesa de buffet do resort Solymar - Occidental Arenas Blancas foi preparada para dar as boas-vindas a um grupo de hóspedes provenientes do Canadá, pois os pratos e o local estavam adornados com bandeiras desse país.

Facebook / Barceló Solymar — Occidental Arenas Blancas

No final de junho, um turista canadense que passou duas semanas nesse complexo hoteleiro classificou sua estadia como “a pior experiência da sua vida”.

Joe Eastcott, residente da cidade canadense de Surrey, relatou em um grupo mencionado no Facebook sua experiência e compartilhou fotos que mostravam o alto nível de deterioração das instalações e a péssima qualidade da comida.

Facebook / Barceló Solymar — Occidental Arenas Blancas

Suas queixas se somaram às de centenas de turistas dessa nacionalidade que, nos últimos anos, expressaram sua decepção com as instalações hoteleiras em Cuba, chegando até a dominar as manchetes da mídia internacional.

Entre os principais apontamentos feitos pelos turistas canadenses que viajam a Cuba estão os relacionados à escassez e à má qualidade da comida oferecida nos hotéis. O Canadá, principal emissor de turistas para a ilha, tem enfrentado nos últimos anos um notável declínio no número de viajantes e agências interessadas em Cuba como destino de férias.

Facebook / Barceló Solymar — Occidental Arenas Blancas

Recentemente, Samantha Taylor, diretora de marketing do Sunwing Vacations Group, uma destacada agência de viagens canadense, afirmou que decidiram retirar 26 hotéis cubanos de seu catálogo de ofertas devido a problemas de qualidade identificados em comentários dos clientes.

Em vez de Cuba, a agência de viagens canadense decidiu promover destinos alternativos na República Dominicana, Bahamas, Honduras e Colômbia, buscando garantir uma experiência mais satisfatória para os turistas.

Facebook / Barceló Solymar — Occidental Arenas Blancas

"Como é um hotel de cinco estrelas em Cuba? E um hotel de três estrelas? O que observamos nos comentários dos nossos clientes é que os canadenses desejam certa transparência em relação ao que recebem. Eles não querem surpresas", explicou Taylor.

Além disso, reconheceu que a crise energética que o país enfrenta tem impactado a opinião de seus clientes, muitos dos quais foram surpreendidos pelos apagões, inclusive nos próprios hotéis onde estão hospedados.

Taylor admitiu que esses eventos podem influenciar a confiança dos consumidores. “Cuba passou por certa volatilidade nas últimas semanas e isso pode afetar a confiança dos consumidores”, afirmou.

Os hotéis e resorts Barceló decidiram em fevereiro de 2011 unificar duas de suas instalações para formar o complexo hoteleiro Barceló Arenas Blancas-Solymar, com 883 quartos operados no regime de tudo incluído.

Em junho de 2019, o Grupo Barceló foi incluído em uma ação coletiva de famílias cubano-americanas que, com base na Lei Helms-Burton, reclamaram em tribunais dos Estados Unidos indenizações de companhias hoteleiras da Espanha, França e Canadá.

Entre os casos litigados destacou-se o do herdeiro Diego Trinidad, que reivindicou compensação ao grupo espanhol pelo Hotel Barceló Solymar de Varadero, construído sobre a propriedade de Diego Cosme Trinidad Valdés, proprietário de terrenos e da companhia tabacalera Trinidad y Hermanos.

Dedicado ao setor turístico desde sua fundação em 1931, atualmente o Grupo Barceló conta com uma divisão hoteleira e uma divisão de viagens que o tornam uma das empresas mais importantes do setor no mundo. Sua atividade principal está centrada na Europa, Américas e no Norte da África, e conta com 300 hotéis em 28 países e 1643 agências de viagens em três continentes.

No entanto, a presença da Barceló em Cuba diminuiu ao longo dos anos. Se em 2010 o grupo contava com seis instalações sob sua gestão - Barceló Arenas Blancas, Barceló Solymar (fundidas em 2011 no resort Solymar - Arenas Blancas), Barceló Marina Palace, Barceló Cayo Libertad, Barceló Cayo Santa María e Barceló Habana Ciudad - atualmente, conserva apenas o resort de Varadero.

Nesta quarta-feira, a gerência do único resort da Barceló em Cuba ousou negar a dolorosa realidade de uma grave escassez de alimentos na Ilha, publicando em suas redes sociais imagens de iguarias que o povo cubano sequer conhece.

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