A Black Friday, conhecida como o dia que dá início de forma informal à temporada de compras natalinas, tornou-se um fenômeno global.
Celebra-se tradicionalmente no dia seguinte ao Dia de Ação de Graças, que ocorre na quarta quinta-feira de novembro nos Estados Unidos.
Este ano, o Black Friday cai no dia 29 de novembro, uma data marcada nos calendários de milhões de compradores que buscam aproveitar as ofertas mais atraentes do ano.
Este evento anual de descontos massivos evoluiu desde seus humildes começos na Filadélfia nos anos 50, tornando-se um pilar do comércio varejista em todo o mundo.
No entanto, o termo "Black Friday" está cercado de mitos e teorias sobre sua origem, desde explicações históricas até rumores desmentidos. Neste artigo, exploramos as raízes desse fenômeno e sua expansão global.
Mitos e boatos
Uma das teorias mais difundidas, embora totalmente falsa, sugere que o termo "Black Friday" está relacionado à escravidão.
Segundo este boato, os traficantes de escravos ofereciam descontos em seus "produtos" no dia seguinte ao Dia de Ação de Graças.
No entanto, pesquisas citadas pela National Geographic mostraram que não há evidência documental que sustente essa hipótese. Essa versão foi desacreditada por especialistas e não tem relação alguma com as verdadeiras origens da Black Friday.
O Black Friday em Wall Street: A queda do ouro em 1869
Uma teoria mais plausível associa o termo a um evento financeiro. No dia 24 de setembro de 1869, conhecido como o "Sexta-feira Negra", dois especuladores de Wall Street, Jay Gould e Jim Fisk, tentaram monopolizar o mercado de ouro nos Estados Unidos.
Seu plano fracassou, provocando a queda dos preços do ouro e uma crise econômica que impactou negativamente numerosos investidores.
Embora não esteja diretamente relacionado às compras, esse episódio histórico pode ter influenciado o uso do termo "Black Friday" em outros contextos.
O caos na Filadélfia: As verdadeiras origens da Black Friday
A versão mais aceita sobre a origem do termo remonta à década de 1950 na Filadélfia.
Segundo a pesquisadora Bonnie Taylor-Blake, após o Dia de Ação de Graças, a cidade se enchia de compradores em busca de aproveitar as promoções e assistir ao jogo de futebol entre o Exército e a Marinha, que ocorria no sábado seguinte.
Este caos provocava um trânsito avassalador, longas jornadas de trabalho para os policiais e saturação nas lojas.
Os oficiais de polícia da Filadélfia começaram a se referir ao dia como "Black Friday" devido ao trabalho exaustivo e à agitação das ruas.
Embora inicialmente tivesse uma conotação negativa, os comerciantes da cidade adotaram o termo para descrever o fluxo maciço de compradores em suas lojas.
Em 1961, alguns tentaram renomeá-lo como "Grande Sexta-feira" para suavizar sua percepção, mas a ideia não prosperou.
A popularidade midiática e sua consolidação
O termo Black Friday apareceu pela primeira vez em meios escritos em 1966, na revista The American Philatelist.
No entanto, foi em 1975, graças a um artigo no The New York Times, que o conceito começou a ganhar popularidade em nível nacional.
Esta cobertura midiática permitiu que a Black Friday se consolidasse no imaginário coletivo como o dia de maiores descontos do ano.
No século XXI, o Black Friday se tornou um evento fundamental para o comércio varejista. Grandes redes americanas como Walmart e Sears impulsionaram o conceito, oferecendo promoções desde antes do amanhecer.
Em 2003, o Black Friday se tornou oficialmente o dia de compras mais lucrativo do ano, superando até mesmo os dias próximos ao Natal.
A chegada da internet e das vendas online ampliou ainda mais seu impacto.
Em 2005, nasceu o Cyber Monday, um termo criado pela Federação Nacional de Varejistas para atrair os consumidores ao comércio eletrônico.
Esta nova jornada de descontos se tornou um complemento indispensável da Black Friday.
Em 2020 -no auge da pandemia de coronavírus- as vendas da Cyber Monday alcançaram 6,590 milhões de dólares, tornando-se o dia de compras online mais bem-sucedido da história dos Estados Unidos.
O Black Friday na Espanha e sua expansão mundial
O Black Friday ultrapassou as fronteiras dos Estados Unidos, tornando-se um fenômeno global celebrado em diversos países, cada um adaptando-o às suas particularidades culturais e comerciais.
Na América Latina, países como México, Colômbia e Brasil têm adotado a tradição, integrando-a em seus calendários comerciais e combinando-a com iniciativas locais, como o "Buen Fin" no México.
Na Espanha, o Black Friday foi implementado em grande escala em 2015, conseguindo atrair a atenção de mais de dois milhões de compradores em sua primeira edição relevante. Desde então, tem crescido de maneira exponencial.
Na Europa, além da Espanha, nações como França, Alemanha e Itália têm observado um crescimento significativo nas vendas durante a Black Friday, especialmente no comércio online.
Incluso em regiões da Ásia e da África, onde a influência da cultura ocidental é menor, o evento ganhou popularidade graças ao crescimento do comércio eletrônico e às estratégias de marketing globais, consolidando-se como uma data-chave para consumidores e varejistas em todo o mundo.
Mais que um dia de descontos
A Black Friday é muito mais do que um dia de promoções; é um fenômeno cultural e econômico que reflete as dinâmicas de consumo contemporâneas.
Sua evolução, desde um caos nas ruas da Filadélfia até um evento global, demonstra a capacidade do comércio de se adaptar e se reinventar.
À medida que o Black Friday continua ganhando espaço em novos mercados, sua história serve como um lembrete de como as tradições podem se transformar em poderosas ferramentas de marketing e comércio.
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