Cuba na ilha assegura que se Trump ganhar: “Vamos ter que comer os sapatos que nos restam.”

As eleições nos EUA preocupam os cubanos devido ao impacto de uma possível vitória de Trump, que, durante seu mandato anterior, endureceu as políticas contra Cuba, afetando a economia e as relações bilaterais.

Donald Trump © X/Grouch
Donald TrumpFoto © X/Grouch

As eleições nos Estados Unidos chegaram ao seu dia decisivo. A partir desta terça-feira, o Super Terça, como é conhecido naquele país, os eleitores escolherão entre o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris para dirigir os destinos da nação no período de 2025 a 2029. Os cubanos residentes na ilha também estão atentos a esta eleição.

"Posso te dizer que se o Trump sair, vamos acabar com os sapatos que nos restam, porque a situação aqui está muito ruim. A economia aqui está péssima e o turismo caiu por terra", disse um motorista de almendrón, os carros típicos que circulam em Havana, à agência AP.

O critério deste cubano está alinhado com a política de Trump em relação a Cuba durante seu primeiro mandato na Casa Branca, de 2017 a 2021, que marcou um retorno a abordagens mais rígidas em comparação com as medidas de abertura promovidas por seu predecessor, Barack Obama.

Durante sua administração, Trump reverteu vários dos acordos e estratégias que Obama havia implementado para melhorar as relações bilaterais com a ilha, adotando uma abordagem mais restritiva.

Uma das primeiras mudanças significativas foi a restrição de viagens e remessas. Trump limitou consideravelmente as viagens de cidadãos americanos a Cuba, eliminando os viajes individuais de "pessoa a pessoa", uma forma popular de turismo cultural autorizada durante o governo de Obama.

Além disso, sua administração ampliou a lista de empresas cubanas com as quais os estadunidenses não podiam fazer negócios, focando naquelas ligadas aos setores militares e de segurança da ilha. Essa lista inclui hotéis, lojas e outros negócios-chave que geram receitas para o governo cubano. O objetivo era reduzir a capacidade do Estado cubano de financiar suas operações por meio do acesso a divisas estrangeiras.

Em 2017, devido aos chamados “ataques sonoros” que afetaram pessoal estadounidense em Havana, os Estados Unidos decidiram retirar uma parte considerável de seu pessoal diplomático da ilha e reduzir os serviços consulares. Essa medida dificultou os trâmites de visto para os cidadãos cubanos, impondo novas barreiras nas relações familiares e comerciais entre os dois países.

Uma mudança significativa na política em relação a Cuba foi a aplicação do Título III da Lei Helms-Burton, uma disposição suspensa desde 1996. Ao ativá-la, Trump permitiu que cidadãos americanos processassem empresas estrangeiras que operassem em propriedades confiscadas pelo governo cubano após a Revolução. Essa medida tinha como objetivo desestimular o investimento estrangeiro em Cuba e pressionar a já debilitada economia da ilha.

No âmbito dos direitos humanos, Trump adotou um discurso crítico em relação ao sistema autoritário cubano, demonstrando maior apoio à dissidência e promovendo abertamente a causa dos direitos humanos na ilha. Essa abordagem foi acompanhada por um aumento da pressão diplomática e econômica sobre o governo cubano no cenário internacional.

Por último, a administração Trump reforçou a ligação entre as políticas em relação a Cuba e Venezuela, acusando ambos os governos de se apoiarem mutuamente em práticas autoritárias. Essa postura resultou em uma pressão adicional sobre Cuba para que cessasse seu apoio militar e político ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela, elevando o nível de confrontação com os dois países.

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