A morte do destacado realizador, diretor e sonoplasta Jonal Cosculluela Sánchez, aos 47 anos, pode ter sido causada por uma decisão pessoal do artista de tirar a própria vida, em meio a um período problemático que estava atravessando.
Embora as autoridades cubanas do ministério da Cultura e nenhum outro meio oficial tenham tornado públicas as causas do falecimento do jovem cineasta, nas redes sociais várias vozes apontam para um possível suicídio do artista.
"Todo indica que Cosculluela tomou a decisão de tirar a própria vida em meio a uma profunda depressão, após ter perdido um litígio por uma propriedade pessoal. A polícia abriu uma investigação e está entrevistando pessoas próximas ao falecido", indicou o jornalista cubano Wilfredo Cancio Isla no CaféFuerte.
A Assembleia de Cineastas Cubanos, uma associação que tem protagonizado um dos confrontos mais notáveis dos últimos tempos entre profissionais do setor e as instituições, destacou a proximidade e o impacto de Cosculluela em sua comunidade artística.
No âmbito dessa associação, lembrou Cancio, o cineasta teve um papel relevante, destacando-se por suas “reclamações de autonomia e liberdades expressivas para o cinema nacional frente ao oficialismo”.
“No ano passado, Cosculluela realizou uma manifestação pública para reivindicar uma suposta confiscação de um terreno de sua propriedade, situado em uma localização central do bairro do Vedado, em Havana. O desacordo o levou a um litígio legal com as autoridades estaduais. A propriedade não foi devolvida a ele”, apontou o jornalista independente.
Por sua parte, o dramaturgo e ativista cubano, Yunior García Aguilera, lembrou-se do realizador, que conheceu e com o qual trabalhou em vários projetos. “Surpreende e dói que alguém tão jovem e talentoso se vá tão cedo”, expressou.
“Estou em choque. Ele já havia nos mostrado, em suas últimas denúncias e publicações, que não vale a pena viver lá. Mas morrer lá antes do tempo é ainda mais absurdo. Não consigo acreditar. Sinto muito, compadre. Que duro”, disse García Aguilera.
O perfil de X de Liborio em Cuba (um usuário anônimo bem informado sobre o que acontece no ambiente cultural da Ilha) atribuiu a causa da morte do jovem realizador a um suicídio.
“Não está Jonal (ele se suicidou) e a hipocrisia dos quadros da cultura virá com suas babaquices. O que ninguém dirá é que Jonal estava há anos lutando contra a burocracia da @PresidenciaCuba porque um tal general se ‘apaixonou’ por um terreno que lhe pertencia.”
Nascido em Havana em 1977, Cosculluela protagonizou uma protesto público em outubro de 2023. Através do Facebook, o artista denunciou que lhe haviam confiscado um terreno de sua propriedade, localizado em El Vedado (esquina de 23 e 2), devido a um conflito legal entre as entidades estatais de Patrimônio e Habitação. Pouco depois, suas publicações foram removidas.
“Não quero acreditar que te levaram a isso. Mas bem poderia acreditar, o lema dos estúpidos governantes do país é subtrair e nunca somar. Descanse em paz, querido amigo cineasta. Já tenho dor mais que suficiente para continuar acreditando que Cuba está afundada em merda,” disse o cineasta Ricardo Figueredo Oliva em suas redes sociais após saber da notícia do falecimento de Jonal Cosculluela.
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