O conhecido advogado cubano de Imigração, Wilfredo Allen, minimizou as ameaças de deportação feitas por Donald Trump em relação aos beneficiários de parole e CBP One, e disse aos cubanos que "vivam suas vidas".
“Do que se promete ao que pode ser realizado... está o Oceano Pacífico”, afirmou o advogado em declarações ao jornalista Daniel Benítez para a Univision.
Allen apontou que o parole humanitário sempre teve uma data limite de dois anos e mencionou que os dois anos estão se completando no mês que vem para os venezuelanos e em janeiro começam a se completar para haitianos, cubanos e nicaraguenses.
Recordou também que os beneficiários sempre tiveram a pressão de se legalizar nesse período ou, caso contrário, seriam deportados, algo que precisou que não deve preocupar os cubanos, que contam com o salvavidas da Lei de Ajuste Cubano que, após um ano e um dia, lhes permite solicitar a residência.
Allen reiterou em todo momento a importância das palavras de Trump e assegurou que uma vez que se está no processo de legalização e se tem recibo do USCIS ou data de corte no caso do CBP One, não há problemas.
Apuntou, inclusive, que o Departamento de Segurança Nacional não conta com agentes suficientes para se lançar à caça de centenas de milhares de imigrantes que, nos últimos anos, entraram em território americano pelos citados programas.
“Nada para se preocupar”, insistiu; e especificou que no caso daqueles que entraram pela via do CBP One não podem ser deportados porque, ao entrar, lhes é concedida uma data de corte e não podem ser deportados nesse processo.
“Enquanto não cometerem delitos, zero problemas de serem detidos ou deportados, zero. Não vão vir te buscar. Vivam suas vidas”, acrescentou Willy Allen.
“Não vai detê-los nem deportá-los, é um medo que não precisam sofrer,” concluiu.
Em suas declarações, Wilfredo Allen não fez referência ao fato de que os programas seguramente serão eliminados de uma vez só com a entrada de Trump na presidência, além de saber se a revogação dos que já são beneficiários é viável ou não.
O debate político após as declarações de Trump
O ex-presidente Donald Trump provocou um intenso debate político ao prometer que, se for reeleito em novembro, eliminará o programa de parole humanitário e a aplicação CBP One, que permitem a entrada de migrantes cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos nos Estados Unidos.
Este anúncio ocorre em um contexto de crescente preocupação com a imigração e seu impacto na segurança nacional. No entanto, outro setor que se beneficiou desses programas pode mudar de opinião em relação à sua intenção de voto.
Em uma mensagem dirigida aos imigrantes, Trump advertiu: "Preparem-se para ir embora, especialmente se forem criminosos".
Essa declaração, assim como sua proposta de fechar as fronteiras, suscitou reações variadas, tanto de advogados de imigração quanto de ativistas políticos.
Nos últimos dias, Avelino González, advogado especializado em imigração, destacou em declarações à Telemundo 51 que, embora a eliminação desses programas possa ser executada por um novo presidente, a deportação efetiva de migrantes requeriria uma ordem judicial.
O que farão famílias que votaram tradicionalmente nos republicanos, mas se beneficiaram de programas como o parole? Poderiam reavaliar seu apoio a Trump em razão das recentes ameaças do ex-presidente?
Avelino González lembrou que as ações de um candidato nem sempre refletem o que um presidente pode ou quer fazer, o que acrescenta um nível de incerteza à situação.
Por outro lado, Luis Fernando Atencio, ativista democrata, questionou a seriedade das propostas de Trump, argumentando que carecem de um plano claro e que são mais ataques aleatórios aos imigrantes.
No caso de Kamala Harris, a candidata democrata não respondeu de forma clara se pretende manter ou não os programas de parole humanitário e CBP One, embora alguns considerem que sim, tratando-se do mesmo partido político e sendo ela, além disso, vice-presidente da atual administração.
Desde a sua implementação em janeiro de 2023, o parole humanitário enfrentou múltiplos desafios, incluindo ações legais que questionam sua validade e uma pausa devido a casos de fraude.
Apesar de sua natureza controversa, estima-se que entre 70.000 e 80.000 imigrantes ingressem legalmente nos Estados Unidos a cada mês sob este programa.
O último informe da Oficina de Aduanas e Controle de Fronteira (CBP) indicou que até agosto, sob o parole humanitário, haviam entrado no país mais de 110.000 cubanos; 210.000 haitianos; quase 93.000 nicaraguenses e quase 117.000 venezuelanos.
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