Uma mãe cubana denunciou a falta de pessoal e as más condições que afetam o serviço do Hospital Psiquiátrico de Camagüey 'René Vallejo Ortiz', ao qual se dirigiu com seu filho após sofrer uma crise que requereu atenção especializada.
No entanto, uma vez no centro hospitalar, os médicos determinaram que o jovem deveria ficar internado para receber terapia eletroconvulsiva (TEC), comumente conhecida como tratamento de eletrochoque.
“Mamãe, por favor, não me coloque nessa sala porque eu vou piorar”, implorou o filho ao ver as condições na sala de internação, com a cama destruída e suja.
Além disso, segundo a mãe – identificada no Facebook como Rosa León Ferrales – o “ambiente” da sala onde seu filho ficaria internado não era adequado, pois havia apenas um assistente de saúde para atender todos os pacientes internados, muitos dos quais estavam “descontrolados” por falta de medicamentos.
“Já sabem, não existem medicamentos, apenas Flufenazina,” disse León Ferrales. A flufenazina é um medicamento antipsicótico que é usado para tratar a esquizofrenia e os sintomas psicóticos, como alucinações, delírios e hostilidade.
Ao ver o panorama, a mãe decidiu solicitar a alta imediata de seu filho sob sua responsabilidade. Segundo León Ferrales, em crises anteriores, seu filho havia recebido TEC “de maneira ambulatorial”, mas essa opção havia sido retirada do sistema público de saúde “por causa da questão corrente [apagões]”.
“Sólo estão dando tratamento ambulatorial a casos pontuais, os quais sabemos que casos costumam ser”, denunciou a mãe, sugerindo que a opção de terapia eletroconvulsiva ambulatorial, como muitos outros tratamentos em Cuba, só está ao alcance de privilegiados, bem relacionados e pessoas que pagam altas quantias de dinheiro a pessoal corrupto do sistema público de saúde.
Decidida a levar seu filho de volta para casa, apesar de sua crise de saúde mental, a mãe pediu alguma solução ao médico que os atendeu, seja na forma de medicamentos ou outros tratamentos, mas o especialista se negou e disse que, ao pedir a alta sob sua responsabilidade, o hospital não se responsabilizava pelo tratamento que o paciente recebesse.
León Ferrales denunciou o comportamento do médico como uma demonstração de irresponsabilidade e abandono do paciente a quem foi negado um tratamento médico por não consentir com uma internação hospitalar que a mãe considerou arriscada para a saúde de seu filho. A decisão da mãe foi "punida" pelo médico com indiferença em relação ao destino do paciente.
Outras irregularidades do serviço também foram criticadas pela mãe como maus-tratos, falta de pessoal de enfermagem e de leitos. “Assim está se conduzindo este país”, concluiu León Ferrales em sua publicação.
O hospital psiquiátrico de Camagüey: Uma instituição que acumula várias denúncias cidadãs
Em péssimas condições, amarrados pela falta de medicamentos e submetidos a eletrochoque, sobrevivem os pacientes do Hospital Psiquiátrico de Camagüey, segundo uma denúncia feita em maio nas redes sociais.
O portal de notícias CubaNet publicou uma galeria de imagens no Facebook onde se evidenciavam as péssimas condições da instalação médica e como conviviam ali os doentes, amarrados a cadeiras e a macas.
"Assim têm os pacientes no Hospital Psiquiátrico de Camagüey René Vallejo Ortiz. Devido à escassez de medicamentos para sedá-los, estão aplicando eletrochoque em muitos pacientes e os mantêm amarrados", destacou a publicação.
Segundo o referido meio, os doentes dormiam em camas sem colchão e andavam desleixados, sujos e descalços pelos corredores.
Além disso, afirmou que os banheiros não tinham condições básicas de higiene e mostrou fotografias de vasos sanitários sujos, corredores e lavatórios sem as condições mínimas de higiene que uma instalação de saúde requer.
A realidade mostrada pelo Cubanet contrastou com a imagem ideal do hospital projetada semanas antes pela imprensa oficial, quando o centro comemorou seu 52º aniversário e um artigo da Radio Cadena Agramonte afirmou que era "uma instituição pioneira na atenção à saúde mental em Cuba, marcando mais de meio século de compromisso com o bem-estar psicológico de seus pacientes".
Além desta denúncia, outras vozes têm denunciado más condições de internamento e maus-tratos a pacientes com distúrbios mentais em hospitais como o Amalia Simoni, também em Camagüey.
Precisamente naquele centro, os doentes estavam sendo maltratados pelo pessoal que os atendia, segundo revelou um vídeo impressionante publicado pelo Observatório Cubano de Direitos Humanos (OCDH).
Em fevereiro de 2023, a imprensa independente revelou um escândalo que expôs o colapso dos serviços públicos de saúde em Cuba, quando um artigo da CubaNet relatou a morte de pelo menos 13 pacientes do Hospital Psiquiátrico de Holguín com sintomas de desnutrição, anemia e bronconeumonia.
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