Domingo de apagões em Cuba: Outro dia com afetos próximos a 900 MW

No relatório de avarias, a unidade 8 da central termoelétrica Máximo Gómez do Mariel se junta à unidade 2 da Felton e às unidades 5 e 6 de Rente.

Atardecer en el Malecón de Santiago de Cuba © Facebook / Naturaleza Secreta
Pôr do sol no Malecón de Santiago de CubaFoto © Facebook / Naturaleza Secreta

Não há descanso para os cubanos, que neste domingo voltam a ter uma previsão de apagões que beiram os 900 MW, e que podem ser superiores levando em conta a tendência nas estimativas da União Elétrica de Cuba (UNE).

“Se estima para a hora de pico uma disponibilidade de 2.410 MW e uma demanda máxima de 3.200 MW, para um déficit de 790 MW, por isso, se as condições previstas se mantiverem, espera-se uma afectação de 860 MW no horário de pico”, indicou a UNE em sua nota informativa deste domingo.

Captura de tela Facebook / UNE

O sistema eletroenergético nacional (SEN) continua à beira do colapso total e os cubanos veem os dias passando, incorporando os apagões como parte de uma “normalidade” marcada por rotinas que geram um crescente mal-estar.

À escassez de alimentos, aos baixos salários, ao aumento da pobreza, à proliferação de lixeiras nas ruas, às longas filas, ao colapso dos serviços públicos, à falta de medicamentos e transporte, às escolas e hospitais em ruínas, soma-se o ingrediente mais incômodo para os cubanos: os apagões.

“Ontem, o serviço foi afetado por déficit de capacidade de geração nas 24 horas do dia e não foi possível restabelecer o serviço durante a madrugada de hoje”, disse a UNE neste domingo, enquanto o governo da “continuidade” de Miguel Díaz-Canel deixa a cada dia que passa uma demonstração mais de sua incapacidade para resolver a grave crise que atinge os cubanos.

Para maior irritação, o relatório da empresa estatal incorpora neste domingo uma nova unidade termoelétrica à lista de avariadas. Se na véspera estavam no fatídico listado a unidade 2 da CTE Felton e as unidades 5 e 6 da CTE Rente, agora se soma a unidade 8 da termelétrica Máximo Gómez do Mariel.

O detalhe curioso do dia foi o fato de que a Nota Informativa apareceu publicada primeiro nas redes sociais do jornalista oficialista José Miguel Solís, e não nas redes da UNE, onde é publicada diariamente.

Lastrada pelos comentários negativos que recebe em suas redes sociais, a empresa estatal que dirige Alfredo López Valdés talvez tenha preferido "controlar danos" e oferecer a informação por meio de terceiros. No entanto, os internautas cubanos deixaram saber sua opinião nas redes de Solís.

“Me dá até pena ler este parte todos os dias. Nos vão parar [o coração] de tanto estresse. Não se pode nem cozinhar, nem praticamente dormir. Quem pode render em uma escola, em um hospital, ou em um policlínico? E nem falar das crianças pequenas”, disse uma usuária do Facebook.

"¡Bárbaro! E, claro, esse déficit somos nós, as mesmas províncias e os mesmos circuitos, que somos os escravos do apagão para que a capital de todos os cubanos possa desfrutar tranquila. E em caso de força maior, duas ou quatro horinhas para sermos solidários. Enquanto isso, nós chegamos a 15 ou 20 horas se necessário. Grande lição de igualdade", protestou outro.

"Entre o calor, o lixo que não recolhem, os apagões e a inflação que não para... Tudo junto, dá vontade de vomitar", disse outro doente de tantas calamidades.

"Definitivamente, os dirigentes deste país não têm ideia do que está acontecendo com o povo, do que é passar uma noite inteira sem eletricidade e depois um dia inteiro. Eles em seus escritórios, carros e casas climatizadas podem pedir resistência. Agora, não há mais culpados do que nós mesmos, que permitimos que nos pisoteiem como bem entendem, enquanto suas famílias vivem a toda dá", concluiu outra cubana cansada da situação.

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