Roberto Nodarse Rodríguez, o jovem cubano de 33 anos, a quem o DTI retirou (eles chamam de reter) um carro que não era seu e apreendeu 12.200 USD e 3.000 euros, após acusá-lo de tráfico de divisas, foi transferido para a prisão 1580, de San Miguel del Padrón, em Havana. Ele estava há cerca de duas semanas internado na sala penal do hospital La Covadonga, da capital.
Nodarse entrou no hospital com cãibras nas extremidades e durante todo esse tempo apenas fizeram análises de sangue e urina e, embora os médicos tenham falado em fazer um TAC, nunca o realizaram. Mesmo assim, decidiram enviá-lo de volta para a prisão, apesar de não haver um diagnóstico claro sobre seu estado de saúde. Seu entorno teme que ele possa piorar "ou morrer", uma vez que os próprios médicos suspeitam que foi lá que contraiu uma bactéria, que seria a responsável pela insensibilidade em seus braços e pernas.
A família de Nodarse está consternada porque, apesar de ter uma cópia de um cheque, que demonstra que a maior parte do dinheiro que lhe foi confiscado em Cuba foi enviado por familiares residentes no exterior, o acusam de vender e comprar divisas. No entanto, o jovem estava à espera do parole, que lhe garantiu Manuel Santiesteban, um cubano residente nos EUA que reagiu com indignação ao encarceramento e destacou no Facebook que seu amigo é uma grande pessoa. "Este chamaco, que é o melhor do mundo, veja o que está acontecendo com ele."
A Fiscalía pede cinco anos de prisão para Roberto Nodarse, que está em prisão preventiva sem fiança, e quatro para seu sobrinho, Cristhofer Milán Lorenzo, a quem um agente infiltrado do Departamento Técnico de Investigações (DTI) pediu para trocar mil euros no mesmo dia em que a operação aconteceu em sua casa. No entanto, fontes judiciais consultadas em Havana afirmam à CiberCuba que têm a certeza de que Nodarse cumprirá pena de prisão, mas dependerá de um bom advogado para que, ao invés de cinco, sejam apenas dois anos, em regime de campamento, ou seja, com saídas nos fins de semana, porque em Cuba, acrescentam, abaixo de cinco anos, as penas de prisão são cumpridas dessa forma.
A família de Roberto Nodarse confia em encontrar uma boa defesa e nesta terça-feira tem uma consulta para se entrevistar com um prestigiado escritório de Havana. Decidiram deixar o advogado que os defendia até o momento, ao considerar que poderia ter feito mais para conseguir a mudança de medida cautelar e não o fez. Nodarse está preso há quase um ano na 1580, para onde foi transferido depois que os médicos não descobriram a origem da doença que lhe causa câimbras nas extremidades.
O jovem foi detido no dia 8 de novembro de 2023 em uma espetacular operação policial que ocorreu simultaneamente em 10 de Outubro e Los Pinos, em Arroyo Naranjo. Chama a atenção a disponibilidade de agentes nesse dispositivo policial, tendo em conta que escasseiam para o esclarecimento de crimes de sangue como a morte do jovem Maykel Sablón, assassinado há três anos quando foi pescar sozinho em um rio próximo ao bairro San Agustín, em La Lisa, e nunca voltou para casa. Ele apareceu estrangulado. Neste caso, não houve nenhuma detenção, tampouco houve julgamento e, portanto, seus dois órfãos, menores de idade, não podem receber nenhuma ajuda do Estado. A que lhe foi dada, foi retirada seis meses após o crime.
A Roberto Nodarse foi confiscado um carro (um Peugeot novo) que nem sequer é seu. Segundo seu entorno, um amigo o deixou com Cristhofer Milán enquanto estava viajando fora de Cuba e lhe pediu que cuidasse até seu retorno. Roberto Nodarse foi parado enquanto dirigia o carro, como parte do operativo policial, pelo agente do DTI Ulguis Herrero Navarro, que supostamente é "um corrupto", com antecedentes de "estafa em Playa". Ele desvirtuou o carro até a casa de Nodarse e realizou ali a busca, na qual também lhe foram apreendidos 12.230 USD, 2.995 euros, 200 francos suíços e 210 dólares canadenses que encontraram em sua residência. Todo esse material foi intervindo sem ordem judicial e com testemunhas que não são do bairro e que emigraram para os Estados Unidos. A família denuncia que os agentes não levantaram ata da quantidade de dinheiro apreendida.
O entorno de Roberto Nodarse recorreu a medida cautelar de prisão provisória (reclamação 85/24), depois que o jovem foi imputado por um delito econômico (processo de fase preparatória 273/23) por supostamente se dedicar ao tráfico ilegal de moeda nacional, divisas e pedras preciosas. Desde a Procuradoria Geral da República asseguraram-lhe em abril deste ano, em um documento ao qual teve acesso CiberCuba, que já existem conclusões provisórias do processo e que há cinco meses apenas restava remeter os atos ao Tribunal Municipal Popular, para que dispusesse a abertura do julgamento oral.
Segundo o jovem, o dinheiro que lhe foi confiscado era para reformar uma cafeteria do Estado que lhe haviam adjudicado e abastecê-la para viver dela até que chegasse o parole.
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