Estados Unidos suspende permissões de viagem de parole humanitário por fraudes

A entrega de permissões foi suspensa desde meados de julho.


O governo dos EUA suspendeu temporariamente os permissos de viagem para beneficiários do programa de parole humanitário após um relatório interno que revelava níveis significativos de fraude, segundo informou nesta sexta-feira a Fox News, citando um porta-voz do Departamento de Segurança Nacional (DHS).

A fonte governamental indicou que “por precaução” suspenderam a emissão de autorizações de viagem antecipadas para o programa desde meados de julho, enquanto procedem a revisar de forma detalhada os pedidos dos patrocinadores, que é onde está o foco de fraude.

"O DHS conta com mecanismos de revisão para detectar e prevenir fraudes e abusos em nossos processos de imigração. Levamos a sério qualquer abuso de nossos processos", afirmou um porta-voz do Departamento de Estado.

Ele acrescentou que, quando se identificar fraude, o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) dos Estados Unidos investiga e “litigará os casos correspondentes nos tribunais de imigração e encaminhará os casos criminais ao Departamento de Justiça".

O CBP deixou de emitir autorizações de viagem para venezuelanos em 6 de julho e para cubanos, nicaraguenses e haitianos a partir de 18 de julho.

O relatório

O relatório foi elaboradado pela Direção de Detecção de Fraude e Segurança Nacional para garantir uma resposta rápida ao fraude em programas de benefícios de imigração.

O documento interno revelou que os formulários de solicitação incluíam números de seguro social, endereços e números de telefone que foram usados repetidamente, inclusive em alguns casos, centenas de vezes.

Partes do relatório mostraram que 100,948 formulários foram preenchidos por 3,218 patrocinadores seccionais, catalogados assim aqueles cujo número aparece em 20 ou mais formulários.

Também foi descoberto que 24 dos 1.000 números mais utilizados pertenciam a uma pessoa falecida.

A isso se soma que Cem endereços postais foram utilizados entre 124 e 739 vezes em mais de 19.000 formulários. Esses endereços incluíam unidades de armazenamento.

O número de telefone de um patrocinador foi enviado em mais de 2.000 formulários, e havia 2.839 formulários com códigos postais de patrocinadores inexistentes, de acordo com a filtragem.

Os patrocinadores devem passar por uma verificação de antecedentes e de segurança e demonstrar que possuem recursos financeiros para apoiar a pessoa que patrocinam.

"O processo de seleção e verificação de antecedentes para as autorizações de viagem antecipadas é independente do processo de seleção dos apoiadores que residem nos Estados Unidos", disse o porta-voz.

"O DHS não identificou problemas preocupantes relacionados à seleção e verificação de antecedentes dos beneficiários", acrescentou.

O porta-voz anunciou que reiniciarão o processamento o mais rápido possível “com as salvaguardas adequadas”, embora não tenha antecipado uma data provável para o retorno na concessão dos permissos de viagem por parole humanitário.

O jornalista Mario J. Penton qualificou de "relatório devastador" o documento que determinou a suspensão temporária do parole humanitário.

O programa de parole humanitário

O programa foi anunciado inicialmente para os venezuelanos em outubro de 2022 e permitia que um número limitado deles voasse ou viajasse diretamente para os Estados Unidos, desde que não tivessem entrado ilegalmente, tivessem um patrocinador nos Estados Unidos e passassem por certos controles.

Em janeiro de 2023, a administração de Joe Biden anunciou que o programa seria ampliado para incluir haitianos, nicaraguenses e cubanos, permitindo a entrada de até 30.000 pessoas mensalmente nos Estados Unidos.

O programa permite que os migrantes recebam permissões de trabalho e uma autorização de dois anos para viver nos Estados Unidos.

Até o final de junho, 106.757 cubanos se beneficiaram do programa, e cerca de 104.130 já haviam viajado para o território americano, de acordo com dados oficiais do CBP.

O DHS revelou este ano que em outubro de 2023 havia cerca de 1,6 milhões de solicitantes aguardando a aprovação para voar para os Estados Unidos através do programa de parole humanitário.

Uma demanda que contestava o programa foi rejeitada no início deste ano, mas os estados republicanos que a apresentaram indicaram que têm a intenção de entrar com um recurso.

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