O porta-voz do regime cubano e apresentador da televisão oficial, Humberto López, deslocou-se até Londres para relatar as novidades do processo judicial que está em andamento na Corte de Apelações do Reino Unido, no caso do litígio entre o governo cubano e o fundo investidor CRF Limited I.
Acorde às recentes declarações do Banco Nacional de Cuba (BNC), nesse tribunal estão sendo analisados novos detalhes sobre o caso que envolve o fundo de investimento (chamado "fundo abutre" pela imprensa oficial cubana) com a entidade bancária do Estado cubano, e que decide se CRF I Limited era ou não credor da mesma.
“Desde o início do processo, promovido perante os tribunais ingleses pelo fundo abutre com o objetivo de reclamar um direito que não lhe assiste, o Banco Nacional de Cuba tem sustentado que esse ente econômico não é seu credor e, portanto, não existe razão alguma que sustente tal posição”, afirmou o BNC em suas declarações.
Ante a sede da Corte de Apelações do Reino Unido, López lembrou que “no ano passado, uma sentença favoreceu a República de Cuba, ao Estado cubano, como parte deste litígio em que o fundo abutre pretendia que nosso país estivesse envolvido”.
“A sentença permitiu que o tribunal deixasse fora do processo o Estado cubano e... bom... mantivesse o Banco Nacional de Cuba”, reiterou o porta-voz do regime em seu relatório da capital britânica.
No entanto, a leitura que López faz da sentença proferida em junho de 2023 pela juíza Sara Cockerill, da sala Comercial do Tribunal Superior de Londres, não é correta e transmite uma visão parcializada de seu conteúdo, focando no que o regime considera uma “vitória”, ao desvincular a decisão do Estado cubano da entidade bancária.
Em outra leitura da mesma sentença, o site especializado Cuban Trade destacou que a decisão de Cockerill representava um importante passo à frente para o CRF e limitava as opções defensivas de Cuba. O chamado “Julgamento de Londres” decide se o fundo de capital de risco CRF I Limited é um credor legítimo de uma dívida cubana de 75 milhões de dólares.
Além disso, o Banco Industrial e Comercial da China, por meio do ICBC Standard Bank, custodiante dos ativos cubanos da CFR, declarou em junho do ano passado ter iniciado um processo judicial contra Cuba por aproximadamente 1,100 milhões de euros, com o objetivo de defender os interesses do fundo de investimento.
De costas para as evidências processuais, López reiterou a versão oficialista cubana de que "não existe compromisso algum do patrimônio do Estado em relação a este processo".
“O que está ocorrendo neste momento é um julgamento de jurisdição para determinar, em um processo futuro, se os tribunais ingleses e a jurisdição deste país podem ou não conhecer do fundo da ação”, explicou o apresentador.
López desvelou que em Londres se encontra a ministra presidenta do BNC, Juana Lilia Delgado, “acompanhada da representação de advogados espanhóis e ingleses que têm estado a participar em cada um dos intercâmbios que ocorrem basicamente a partir de um diálogo entre os barristers de cada uma das partes”.
“O barrister é esse advogado especializado que tem a faculdade de poder conversar com os juízes. Bem, os barristers de cada uma das partes mantêm esse intercâmbio com os juízes separadamente, não entre eles, e depois Cuba teve a possibilidade de fazer uma espécie de réplica”, explicou.
Segundo López, os argumentos do regime cubano “se baseiam em demonstrar que a juíza do ano passado errou ao não observar as evidências que o Banco Nacional de Cuba trouxe para demonstrar que esse fundo abutre é totalmente alheio aos seus instrumentos financeiros”.
“O sea, que nunca ha sido ni é acreedor do Banco Nacional de Cuba. Isso significa que, ao não ser acreedor, não poderia se desenvolver em outro tribunal mais adiante um processo para analisar o fundo do assunto”, disse de forma confusa o apresentador televisivo, reconhecendo a “complexidade” do tema.
Consciente de sua complexa explicação, López resumiu grosso modo a posição de Cuba no litígio. “Aqui se está analisando se outro tribunal pode conhecer do fundo do assunto, [que é] se há que pagar ou não a dívida. O que Cuba diz é ‘não tenho nada a conversar com o fundo abutre, não é meu credor e nunca o foi’.”
Em janeiro de 2023, o diário oficial Granma resumiu com estas palavras: A possível decisão do tribunal inglês não terá implicação alguma na economia cubana, porque "trata-se de uma questão processual de jurisdição, razão pela qual, em nenhum caso, nesta audiência serão discutidos valores financeiros da dívida".
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