Ativista cubana Carolina Barrero: "Nenhum ditador assustado vai me tirar minha nacionalidade"

A jovem ativista Carolina Barrero fez sua denúncia através da rede social X. "A cubanidade não é dos corruptos usurpadores de nossa liberdade. Nem dos decretos do ditador, nem das leis que ditam sem aprovação", afirmou.

Carolina Barrero y Miguel Díaz-Canel © X/Carolina Barrero y Gobierno Provincial de Artemisa
Carolina Barrero e Miguel Díaz-CanelFoto © X/Carolina Barrero e Governo Provincial de Artemisa

A historiadora de arte e ativista Carolina Barrero Ferrer expressou sua opinião sobre o poder que o projeto de Lei de Cidadania, que o regime pretende aprovar em julho próximo, concede ao governante da ilha.

"Nenhum ditador assustado vai me tirar minha nacionalidade. A cubanidade não pertence aos corruptos que usurpam nossa liberdade. Nem os decretos do ditador, nem as leis que ditam sem aprovação. Quando a tirania for uma lembrança do passado, e tudo for chamado pelo seu nome na história, eu continuarei sendo uma mulher cubana", escreveu Barrero em sua conta na rede social X.

O projeto de lei sobre cidadania, publicado no site da Assembleia Nacional do Poder Popular (ANPP) na última segunda-feira, estabelece uma série de princípios, como a cidadania efetiva, igualdade de direitos e questões relacionadas à aquisição, renúncia, perda e recuperação da cidadania, bem como seu registro.

No entanto, um aspecto preocupante são os poderes concedidos ao presidente da República para privar um cubano da cidadania.

O capítulo III "Privación da Cidadania Cubana", estipula no seu artigo 54 que os cubanos não podem ser privados da sua cidadania, exceto por motivos legalmente estabelecidos.

Seguidamente, o artigo 55.1 estabelece duas causas: uma é alistar-se em qualquer tipo de organização armada com o objetivo de atentar contra a integridade territorial do Estado cubano, seus cidadãos e demais pessoas residentes no país.

A segunda causa é "realizar atos contrários aos altos interesses políticos, econômicos e sociais de Cuba no exterior, sempre que assim for considerado pela autoridade de cidadania correspondente", uma abordagem tão ampla que poderia incluir qualquer atividade que o regime considerasse uma ameaça, como opositores ou ativistas políticos.

Em várias ocasiões, Barrero afirmou que o exílio forçado ao qual foi submetido pelo governo de Havana é uma estratégia usada há décadas pelo regime para separar os cubanos.

"Apenas serve ao poder para nos separar. A história da luta pelos direitos civis e políticos é marcada pelo exílio, não se pode compreender a história de Cuba sem o exílio", afirmou.

Barrero, uma das ativistas mais visíveis dos últimos anos na ilha, esteve há alguns dias em Mykolaiv, uma das cidades que enfrenta a guerra da Rússia contra a Ucrânia, e de lá denunciou que o regime cubano enviou jovens soldados para morrer naquela invasão, como parte da geopolítica corrupta orquestrada entre Havana e Moscou.

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