Cubanos residentes na Argentina negaram que a manifestação em frente à sede diplomática de Havana em Buenos Aires nesta semana tenha sido violenta, como afirmaram veículos de imprensa oficiais e ligados ao castrismo.
Não é a primeira vez que o regime recorre a organizações da sociedade civil argentina para tentar provocar os ativistas que vão às ruas dizer sua verdade, disse a CiberCuba Luis Alberto Mariño Fernández, um dos participantes do encontro da última segunda-feira.
"Sabemos há muitos meses, e mais agora, que cada vez que lançamos uma convocatória nas redes sociais, o regime convoca os movimentos sociais da Argentina. Estamos nos preparando para evitar qualquer clima de confronto e não favorecer esse ambiente desejado pela ditadura", acrescentou Mariño Fernández.
Os integrantes de Cubanos en Argentina por la Libertad organizam esses encontros, sobretudo, para expressar sua solidariedade de forma pacífica.
"Muitas vezes vamos com nossa família, nossos filhos. Na segunda-feira, havia dois menores de idade conosco; por isso, para nós é importante nos manifestar de forma pacífica", explicou.
Mariño Fernández considera que é normal que o regime implemente essas estratégias, pois isso evidencia a dor causada pela organização dos cubanos no exílio e as ações realizadas em conjunto para dar visibilidade ao que ocorre na ilha e ao desastre desses 62 anos.
Após as declarações de Mariño Fernández a este meio, o grupo Cubanos en Argentina por la Libertad publicou no Facebook uma declaração na qual desmentem as afirmações feitas por veículos de imprensa estatais como Cubadebate, Granma ou Radio Reloj.
"Mentem alevosamente ao afirmar que os ativistas agimos com violência e que propinamos ou tentamos ataques contra o imóvel diplomático. Muito menos, que lançamos ovos, o que não só é falso, mas nunca planejamos nem aceitaremos ações desse tipo", diz o comunicado em resposta também ao meio espanhol Cubainformación, alinhado ao regime de Havana.
O grupo de cubanos deixa claro sua posição contra qualquer manifestação de violência e critica não apenas a mentira institucionalizada divulgada nos meios de comunicação estatais da ilha, mas também o fato de terem afirmado sem escrúpulos que pretendiam lançar ovos contra o edifício público.
"Temos plena consciência de que Cuba é um país sofrido, com um nível significativo de miséria, onde a escassez de alimentos abrange itens tão básicos quanto os ovos, e desfrutá-los pode ser um luxo. Nunca nos passaria pela cabeça desperdiçar alimentos, e muito menos com base em ações violentas contra qualquer sede diplomática ou governamental", afirmaram.
Da mesma forma, recordaram como o regime cubano usou a técnica de lançar ovos, décadas atrás, contra aqueles que deixavam o país e eram considerados traidores; atos de repúdio que, apesar dos anos, são criticados por organismos internacionais, opositores e membros da sociedade civil independente.
"Vale esclarecer que nos une a convicção de lutar por um país livre e democrático, algo tão primordial quanto o respeito aos direitos humanos, que é razão suficiente para estarmos unidos. Assim agimos, reafirmando os ideais que um dia, não muito distante, se concretizarão para o bem de todos", finalizou o comunicado.
Dos meios estatais que repercutiram a mentira da Cubainformación, até o momento de redigir esta nota, apenas a Radio Reloj mantinha o artigo em seu portal, enquanto Granma e Cubadebate apresentavam um erro 404, o que significa que o recurso não está disponível no servidor.
Os vídeos divulgados por diferentes plataformas digitais argentinas, simpatizantes da ditadura castrista, mostram um pequeno grupo de pessoas em frente à embaixada cubana com cartazes e bandeiras da ilha, enquanto chamam de "gusanos" aqueles que foram protestar de forma pacífica.
Por sua vez, a embaixada cubana em Buenos Aires qualificou os cidadãos da ilha nesse país que se organizaram para protestar pacificamente como "extrema direita" e mentiu ao afirmar que tinham a intenção de agredir o edifício diplomático.
As mentiras disseminadas pelo castrismo e seus cúmplices foram criticadas por outros cubanos nas redes sociais, que chamaram de "patéticos" aqueles que se prestaram a participar de um ato de repressão contra a liberdade de expressão em um país democrático.
"Não somos como vocês, nem nos objetivos nem nos meios. Eliminação da ditadura!", disse no Twitter o usuário Gabriel C. Salvia.
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